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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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GOVERNO FEDERAL

Índice internacional coloca o Brasil entre os países mais corruptos; governo não comenta pesquisa

Lula não cumpre promessa de atacar corrupção, diz ONG

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Após nove meses, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não cumpriu a maioria dos compromissos de campanha em relação ao combate à corrupção. Em certos aspectos, houve até retrocesso.
A dura avaliação é do secretário-geral da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo. Segundo ele, das oito medidas de um termo anticorrupção que Lula assinou com a ONG durante a campanha presidencial, a única que ocorreu foi o fortalecimento da Controladoria Geral da União.
Hoje, a ONG Transparência Internacional divulga em Londres um índice de percepções de corrupção. Numa escala de 0 a 10, a nota do Brasil foi 3,9, que coloca o país entre aqueles que têm nível elevado de corrupção -o índice é calculado pela Transparência Internacional e por suas representações no mundo.
"De maneira geral, os países evoluem pouco no índice. Mas isso é especificamente interessante no caso do Brasil porque os últimos governos declararam ter tomado medidas de combate à corrupção", diz Abramo.
Questionado sobre o governo Lula, afirma: "O candidato Lula se comprometeu com uma agenda proposta pela Transparência Brasil, mas não tomou as medidas que estão naquele compromisso, apenas aquelas que indicavam a manutenção de determinados processos preexistentes, como a Controladoria Geral da União".
Para Abramo, não foi cumprida a principal medida: a criação de uma agência anticorrupção, que teria a participação de todos os Poderes, além do Tribunal de Contas e do Ministério Público.
Para o secretário-geral da Transparência Brasil, houve até retrocesso. "No governo FHC, houve um decreto obrigando os ministros a publicarem suas agendas. É uma medida de transparência. Lula cortou isso. Outro exemplo é o que o governo Lula está fazendo a respeito dos cargos públicos. O pessoal da sua máquina está ocupando os cargos públicos. Isso é atrasar o país."

Outro lado
A Folha tentou entrevistar ontem o controlador-geral da União, Waldir Pires. Foi informada de que ele só poderia falar hoje.
Também contatou a Presidência da República, mas foi informada de que o assunto é da esfera da Controladoria Geral da União.
Em recentes declarações, ministros têm negado o loteamento de cargos federais.


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