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HORA DAS JUSTIFICATIVAS
Queiroz afirma que valor foi doado pelo PT
Deputado assume saque de R$ 350 mil
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Apontado como um dos beneficiários do suposto esquema do "mensalão", o deputado
Romeu Queiroz (PTB-MG)
afirmou ontem ter recebido
R$ 350 mil sacados das contas
do publicitário Marcos Valério
de Souza, mas disse que o dinheiro foi uma doação do PT,
integralmente entregue à direção nacional do PTB.
Após o depoimento de Queiroz ao Conselho de Ética, o relator do processo, Josias Quintal (PSB-RJ), afirmou que o petebista deverá receber uma punição branda, como advertência ou suspensão, livrando-se
da cassação.
"A impressão que ele passou
é claramente que não se beneficiou dos recursos", disse o relator, sugerindo que o conselho
deverá "graduar a pena".
Queiroz diz que os R$ 350 mil
foram sacados por dois assessores por orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
O petebista disse desconhecer
o destino do dinheiro após entregá-lo imediatamente ao Diretório Nacional do PTB. "Não
botei [sic] um centavo no bolso", disse Queiroz.
Presidente estadual do PTB
em Minas, Queiroz afirmou
também ter recebido doação
de R$ 102.802,76 da Usiminas
para campanhas eleitorais de
2004.
De acordo com ele, o dinheiro foi repassado pela empresa à
SMPB, de Marcos Valério, e,
em seguida, distribuído para 20
comitês de campanhas municipais do PTB no Estado.
Pressionado pelos integrantes do conselho, o petebista resistiu em afirmar que, em ambos os casos, os repasses seriam
para caixa dois. Ele afirmou
"não ter conhecimento" porque não cuidava das finanças
do partido. No caso dos municípios mineiros, listou nomes
de coordenadores de campanhas que provariam o empenho dos recursos.
"Cada campanha deve ter feito prestação de contas e, aliás,
pela lei eleitoral, alguns valores
são dispensáveis de prestar
contas", disse, referindo-se a
repasses pequenos para algumas cidades.
O relator do processo disse
que o caso de Queiroz "não deverá se alongar muito" e que
aguarda a chegada de documentos dos comitês municipais do PTB para confirmar a
versão do deputado.
"Não podemos dizer que os
recursos não foram contabilizados porque não temos ainda
os balancetes dos comitês nos
municípios, que ele se comprometeu a fazer chegar ao conselho", disse Josias Quintal.
Sobre os R$ 350 mil, Queiroz
chegou a dizer que seu assessor
errou ao depositar o dinheiro
na sua conta, mas que ele não
desconfiava da origem do repasse porque "o PT era sério".
"Ele [o assessor] ficou com
receio de transportar o dinheiro e acabou fazendo a besteira
de depositar na minha conta,
tanto é que tenho comprovantes dessas transferências", afirmou Queiroz.
O deputado disse ainda que
mantinha uma "relação não
muito próxima" com o publicitário Marcos Valério e disse tê-lo encontrado algumas vezes,
em aeroportos. Segundo ele,
"seu contato" com a agência
SMPB era o sócio do empresário, Cristiano Paz.
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