São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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HORA DAS JUSTIFICATIVAS

Queiroz afirma que valor foi doado pelo PT

Deputado assume saque de R$ 350 mil

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Apontado como um dos beneficiários do suposto esquema do "mensalão", o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) afirmou ontem ter recebido R$ 350 mil sacados das contas do publicitário Marcos Valério de Souza, mas disse que o dinheiro foi uma doação do PT, integralmente entregue à direção nacional do PTB.
Após o depoimento de Queiroz ao Conselho de Ética, o relator do processo, Josias Quintal (PSB-RJ), afirmou que o petebista deverá receber uma punição branda, como advertência ou suspensão, livrando-se da cassação.
"A impressão que ele passou é claramente que não se beneficiou dos recursos", disse o relator, sugerindo que o conselho deverá "graduar a pena".
Queiroz diz que os R$ 350 mil foram sacados por dois assessores por orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. O petebista disse desconhecer o destino do dinheiro após entregá-lo imediatamente ao Diretório Nacional do PTB. "Não botei [sic] um centavo no bolso", disse Queiroz.
Presidente estadual do PTB em Minas, Queiroz afirmou também ter recebido doação de R$ 102.802,76 da Usiminas para campanhas eleitorais de 2004.
De acordo com ele, o dinheiro foi repassado pela empresa à SMPB, de Marcos Valério, e, em seguida, distribuído para 20 comitês de campanhas municipais do PTB no Estado.
Pressionado pelos integrantes do conselho, o petebista resistiu em afirmar que, em ambos os casos, os repasses seriam para caixa dois. Ele afirmou "não ter conhecimento" porque não cuidava das finanças do partido. No caso dos municípios mineiros, listou nomes de coordenadores de campanhas que provariam o empenho dos recursos.
"Cada campanha deve ter feito prestação de contas e, aliás, pela lei eleitoral, alguns valores são dispensáveis de prestar contas", disse, referindo-se a repasses pequenos para algumas cidades.
O relator do processo disse que o caso de Queiroz "não deverá se alongar muito" e que aguarda a chegada de documentos dos comitês municipais do PTB para confirmar a versão do deputado.
"Não podemos dizer que os recursos não foram contabilizados porque não temos ainda os balancetes dos comitês nos municípios, que ele se comprometeu a fazer chegar ao conselho", disse Josias Quintal.
Sobre os R$ 350 mil, Queiroz chegou a dizer que seu assessor errou ao depositar o dinheiro na sua conta, mas que ele não desconfiava da origem do repasse porque "o PT era sério".
"Ele [o assessor] ficou com receio de transportar o dinheiro e acabou fazendo a besteira de depositar na minha conta, tanto é que tenho comprovantes dessas transferências", afirmou Queiroz.
O deputado disse ainda que mantinha uma "relação não muito próxima" com o publicitário Marcos Valério e disse tê-lo encontrado algumas vezes, em aeroportos. Segundo ele, "seu contato" com a agência SMPB era o sócio do empresário, Cristiano Paz.


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