São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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ELEIÇÃO INTERNA

PT prevê redução de votantes no 2º turno

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de realizar um primeiro turno com a participação maciça de militantes -314.926 compareceram às urnas no dia 18 de setembro-, a direção do PT prevê uma queda considerável no quórum na segunda etapa da disputa, que confrontará neste domingo Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, e Raul Pont, da Democracia Socialista, candidatos à presidência nacional do partido.
O principal motivo da desmobilização se deve ao fato de as disputas pelos comandos locais já estarem definidas na maioria do país.
E é a partir das previsões do quórum que se dão as apostas dos dois candidatos. O número de petistas aptos a votar é de 775.145.
Para integrantes do Campo Majoritário, Berzoini poderá vencer com boa vantagem se os petistas paulistas comparecerem às urnas.
"Vamos trabalhar em São Paulo para chegar a 12 mil votos", disse Francisco Rocha, coordenador do Campo Majoritário, já contando com a diminuição do quórum na cidade, que no primeiro turno se aproximou de 21 mil votantes.
Não foi à toa que Berzoini concentrou esforços em acordos com lideranças da capital paulista. Fez concessões para obter o apoio de grupos ligados à ex-prefeita Marta Suplicy e adotou discurso cauteloso quanto a punições internas contra parlamentares do partido ameaçados de cassação, como os deputados paulistas João Paulo Cunha e José Dirceu. Mesmo enfraquecidos, ainda detêm o controle das máquinas partidárias.
Outra aposta do candidato está em sua defesa incondicional do governo Lula. Até suas críticas pontuais à política econômica diminuíram. Os correligionários mais otimistas da candidatura Berzoini prevêem obter de 60% a 65% dos votos neste domingo.
As apostas dos apoiadores da candidatura da Democracia Socialista, de Pont, são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas, Rio, Bahia e Pernambuco, onde a esquerda petista teve boa votação no primeiro turno e também são grandes colégios eleitorais do PT.
"O quórum em São Paulo será reduzido no segundo turno, pois não há segundo turno para os diretórios municipal e estadual", afirmou Joaquim Soriano, coordenador da campanha de Pont.
O candidato obteve o apoio de outras correntes internas, como a Articulação de Esquerda e o Movimento PT. Pont conta com o "voto ideológico" dos militantes que querem mudanças mais radicais nos processos internos do PT.
O Campo Majoritário, que detinha maioria absoluta nas instâncias decisórias do partido até esta eleição, conseguiu manter o comando da maior parte dos diretórios regionais. Mas, no Diretório Nacional, sua hegemonia não existe mais. O vencedor da eleição, seja Berzoini ou Pont, não terá maioria garantida. Das 81 cadeiras do diretório, o Campo conseguiu 34. Correntes como a Democracia Socialista, por exemplo, têm dez assentos cada uma.


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