|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RETÓRICA DA CRISE
Presidente pede, em MG, a empresários, políticos e imprensa que não deixem disputa eleitoral atrapalhar crescimento do país
Lula volta a pedir blindagem da economia
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA A POUSO ALEGRE (MG)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva voltou a se apegar à questão
econômica como contraponto ao
momento de crise política. Ontem, mencionou duas vezes o assunto em viagem a Minas Gerais.
Na primeira, em Belo Horizonte, pediu a políticos, empresários
e imprensa que não permitam
que a disputa política-eleitoral interfira na economia. Mais tarde,
em Pouso Alegre, tentou traduzir
os dados macroeconômicos em
resultados reconhecidos por "trabalhadores e donas-de-casa".
Em Belo Horizonte, disse que só
os "medíocres" não conseguem
aprumar a economia, que "vive
um momento virtuoso, não excepcional ainda".
Lula fez um "chamamento", expressão dele, "sobretudo aos homens que têm influência na política de Minas Gerais, na indústria,
na imprensa: não permitam, em
hipótese alguma, que o processo
eleitoral que vai eleger um homem por apenas quatro anos estrague a oportunidade que este
país tem de se transformar numa
grande nação".
Lula voltou a dizer que, se depender dele, não haverá em 2006
"nenhum gesto" que possa comprometer a "seriedade" com a
qual diz conduzir a economia.
"O dado concreto é que há crescimento econômico, crescimento
das exportações, das importações, sobretudo bens de capital
-demonstrando que as empresas brasileiras estão acreditando
no seu próprio futuro-, crescimento da poupança interna, do
crédito, da massa salarial, do emprego e queda da inflação e do
custo de vida."
Em Belo Horizonte, Lula participou de assinatura de convênios
na área da saúde, visitou uma
obra urbana e condecorou o ex-prefeito da capital mineira Célio
de Castro (que sofreu uma isquemia cerebral) com a medalha da
Ordem Médica Nacional.
Sacos de cimento
Em Pouso Alegre, à tarde, Lula
comparou os preços atuais de
produtos como sacos de cimento,
arroz e carne com os do início do
mandato, para defender a situação "extraordinária" do país.
Se o governo FHC falava do
acesso da população ao frango
com o Plano Real, ontem Lula falou do filé: "Todo mundo que vai
no açougue sabe que a carne está
muito mais barata do que a que a
gente comprava".
O presidente discursou durante
a inauguração da segunda fase de
duplicação da BR 381 (Fernão
Dias, que liga Belo Horizonte a
São Paulo). Esperada desde 1994,
a obra custou R$ 1,023 bilhão,
R$ 879 milhões da União e R$ 144
milhões de Minas Gerais.
Ao falar no palanque, o prefeito
de Pouso Alegre, Jair Siqueira
(PL), criou constrangimento ao
pregar que o governo adote, além
de metas de inflação -alcançadas com "eficiência" pelo Banco
Central-, metas de crescimento
econômico, para tirar "mais rapidamente" o povo "da miséria".
No evento, houve manifestações a favor e contra o presidente.
Na platéia, pessoas vestidas com
camisetas e bandeiras do PT puxaram o coro "2006, Lula outra
vez". O prefeito de Pouso Alegre
incentivou o grito ao dizer que o
presidente "tem todas as condições de governar o país até 2010".
Um grupo de dez estudantes,
dois deles filiados ao PSDB, ficaram próximos a Lula enquanto
ele discursava gritando palavras
contra o presidente.
No outro lado da estrada, cerca
de 20 manifestantes do PSTU carregavam faixas contra o governo:
"Para os deputados, "mensalão".
Para o povo, nenhum tostão".
Antes da inauguração, Lula visitou, também em Pouso Alegre, as
obras da BR 459, que liga a cidade
a Poços de Caldas. Com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, passeou em um dos veículos da obra.
Texto Anterior: Eleição interna: PT prevê redução de votantes no 2º turno Próximo Texto: Sarney diz que Lula é "vítima" e pode se reeleger Índice
|