São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RETÓRICA DA CRISE

Presidente pede, em MG, a empresários, políticos e imprensa que não deixem disputa eleitoral atrapalhar crescimento do país

Lula volta a pedir blindagem da economia

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA A POUSO ALEGRE (MG)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se apegar à questão econômica como contraponto ao momento de crise política. Ontem, mencionou duas vezes o assunto em viagem a Minas Gerais.
Na primeira, em Belo Horizonte, pediu a políticos, empresários e imprensa que não permitam que a disputa política-eleitoral interfira na economia. Mais tarde, em Pouso Alegre, tentou traduzir os dados macroeconômicos em resultados reconhecidos por "trabalhadores e donas-de-casa".
Em Belo Horizonte, disse que só os "medíocres" não conseguem aprumar a economia, que "vive um momento virtuoso, não excepcional ainda".
Lula fez um "chamamento", expressão dele, "sobretudo aos homens que têm influência na política de Minas Gerais, na indústria, na imprensa: não permitam, em hipótese alguma, que o processo eleitoral que vai eleger um homem por apenas quatro anos estrague a oportunidade que este país tem de se transformar numa grande nação".
Lula voltou a dizer que, se depender dele, não haverá em 2006 "nenhum gesto" que possa comprometer a "seriedade" com a qual diz conduzir a economia.
"O dado concreto é que há crescimento econômico, crescimento das exportações, das importações, sobretudo bens de capital -demonstrando que as empresas brasileiras estão acreditando no seu próprio futuro-, crescimento da poupança interna, do crédito, da massa salarial, do emprego e queda da inflação e do custo de vida."
Em Belo Horizonte, Lula participou de assinatura de convênios na área da saúde, visitou uma obra urbana e condecorou o ex-prefeito da capital mineira Célio de Castro (que sofreu uma isquemia cerebral) com a medalha da Ordem Médica Nacional.

Sacos de cimento
Em Pouso Alegre, à tarde, Lula comparou os preços atuais de produtos como sacos de cimento, arroz e carne com os do início do mandato, para defender a situação "extraordinária" do país.
Se o governo FHC falava do acesso da população ao frango com o Plano Real, ontem Lula falou do filé: "Todo mundo que vai no açougue sabe que a carne está muito mais barata do que a que a gente comprava".
O presidente discursou durante a inauguração da segunda fase de duplicação da BR 381 (Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo). Esperada desde 1994, a obra custou R$ 1,023 bilhão, R$ 879 milhões da União e R$ 144 milhões de Minas Gerais.
Ao falar no palanque, o prefeito de Pouso Alegre, Jair Siqueira (PL), criou constrangimento ao pregar que o governo adote, além de metas de inflação -alcançadas com "eficiência" pelo Banco Central-, metas de crescimento econômico, para tirar "mais rapidamente" o povo "da miséria".
No evento, houve manifestações a favor e contra o presidente. Na platéia, pessoas vestidas com camisetas e bandeiras do PT puxaram o coro "2006, Lula outra vez". O prefeito de Pouso Alegre incentivou o grito ao dizer que o presidente "tem todas as condições de governar o país até 2010".
Um grupo de dez estudantes, dois deles filiados ao PSDB, ficaram próximos a Lula enquanto ele discursava gritando palavras contra o presidente.
No outro lado da estrada, cerca de 20 manifestantes do PSTU carregavam faixas contra o governo: "Para os deputados, "mensalão". Para o povo, nenhum tostão".
Antes da inauguração, Lula visitou, também em Pouso Alegre, as obras da BR 459, que liga a cidade a Poços de Caldas. Com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, passeou em um dos veículos da obra.


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