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Lula abandona a agenda de presidente para se dedicar a atividades de campanha
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ver o resultado das
urnas, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fez o oposto do
que havia prometido antes das
eleições e praticamente abandonou os compromissos de governo para se dedicar quase integralmente à sua campanha.
A agenda de ontem foi emblemática dessa nova fase. O
único compromisso oficial era
uma audiência, às 10h, com o
presidente eleito do México,
Felipe Calderón. Já a agenda do
candidato apontava atividades
em toda a tarde e o início da
noite: comício e carreata em
Juazeiro (BA), às 14h30, e em
Petrolina (PE), às 16h, e comício à noite em Salvador (BA).
Lula priorizou a articulação
política das alianças do segundo turno e a preparação para o
debate de amanhã, na Bandeirantes. Começou a semana
concedendo a segunda entrevista coletiva em quase quatro
anos de governo e reuniu a
coordenação política da campanha, tudo no Alvorada.
Na quarta, começou o dia
reunindo governadores eleitos
aliados em sua residência oficial e, à tarde, encontrou-se
com políticos do PMDB governista. Naquele dia, passou pouco mais de três horas no Palácio
do Planalto, quando assinou
medida provisória que liberou
R$ 1,5 bilhão do Orçamento.
Lula passou a maior parte do
tempo da semana no Palácio da
Alvorada, a residência oficial,
para não infringir a lei eleitoral,
que impede reuniões de campanha no Planalto. A legislação
proíbe os servidores públicos
de fazer campanha durante o
expediente, mas o Tribunal Superior Eleitoral tem considerado que o presidente e os ministros não se enquadram nessa
norma, pois eles não têm horário de trabalho rígido, segundo
advogados ouvidos pela Folha.
Nesta semana, Lula ligou para os governadores eleitos para
parabenizá-los e, quando possível, abrir uma brecha de negociação. Em alguns casos, delegou a função, como no caso
do candidato derrotado Cristovam Buarque (PDT), que falou
com o ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais).
Os ministros que hoje são
responsáveis pelas decisões no
Palácio do Planalto também
deixaram suas atribuições em
segundo plano e se engajaram
na campanha. Mas Lula e o governo negam que a administração tenha sido relegada a um
segundo plano. "Aqui não tem
segundo plano, só primeiro
plano", disse o presidente na
saída de um de seus eventos de
campanha no Alvorada.
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