São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

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Lula abandona a agenda de presidente para se dedicar a atividades de campanha

PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ver o resultado das urnas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o oposto do que havia prometido antes das eleições e praticamente abandonou os compromissos de governo para se dedicar quase integralmente à sua campanha.
A agenda de ontem foi emblemática dessa nova fase. O único compromisso oficial era uma audiência, às 10h, com o presidente eleito do México, Felipe Calderón. Já a agenda do candidato apontava atividades em toda a tarde e o início da noite: comício e carreata em Juazeiro (BA), às 14h30, e em Petrolina (PE), às 16h, e comício à noite em Salvador (BA).
Lula priorizou a articulação política das alianças do segundo turno e a preparação para o debate de amanhã, na Bandeirantes. Começou a semana concedendo a segunda entrevista coletiva em quase quatro anos de governo e reuniu a coordenação política da campanha, tudo no Alvorada.
Na quarta, começou o dia reunindo governadores eleitos aliados em sua residência oficial e, à tarde, encontrou-se com políticos do PMDB governista. Naquele dia, passou pouco mais de três horas no Palácio do Planalto, quando assinou medida provisória que liberou R$ 1,5 bilhão do Orçamento.
Lula passou a maior parte do tempo da semana no Palácio da Alvorada, a residência oficial, para não infringir a lei eleitoral, que impede reuniões de campanha no Planalto. A legislação proíbe os servidores públicos de fazer campanha durante o expediente, mas o Tribunal Superior Eleitoral tem considerado que o presidente e os ministros não se enquadram nessa norma, pois eles não têm horário de trabalho rígido, segundo advogados ouvidos pela Folha.
Nesta semana, Lula ligou para os governadores eleitos para parabenizá-los e, quando possível, abrir uma brecha de negociação. Em alguns casos, delegou a função, como no caso do candidato derrotado Cristovam Buarque (PDT), que falou com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais).
Os ministros que hoje são responsáveis pelas decisões no Palácio do Planalto também deixaram suas atribuições em segundo plano e se engajaram na campanha. Mas Lula e o governo negam que a administração tenha sido relegada a um segundo plano. "Aqui não tem segundo plano, só primeiro plano", disse o presidente na saída de um de seus eventos de campanha no Alvorada.


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