São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999
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INSS

Costa Rica aguarda pedido para liquidação

Brasil não solicitou bens de Jorgina

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

Quase dois anos depois da extradição de Jorgina Maria de Freitas Fernandes pelo governo da Costa Rica, o Brasil ainda não solicitou a liquidação dos bens da advogada naquele país para restituir parte do prejuízo causado à Previdência Social.
A informação foi dada por telefone à Agência Folha pelo embaixador do Brasil na Costa Rica, João Carlos de Souza Gomes. Segundo ele, a Justiça do país aguarda apenas um pedido formal do Brasil para determinar a liquidação dos bens da advogada e posterior devolução ao INSS.
"A embaixada não pode promover a busca e apreensão dos bens de Jorgina Fernandes. É preciso que haja uma carta rogatória da Justiça brasileira às autoridades da Costa Rica", disse Gomes.
Jorgina Maria de Freitas Fernandes é considerada a maior fraudadora do INSS na história do Brasil, tendo sido condenada e presa por liderar uma quadrilha que desviou cerca de US$ 600 milhões do INSS.
A embaixada estima que a advogada possua pelo menos 23 imóveis na Costa Rica, avaliados em US$ 50 milhões.
"Com a autorização da Justiça brasileira, os juízes costa-riquenhos poderiam levantar ainda outros dados, como número de contas bancárias e os investimentos de Jorgina no país", disse o embaixador.
Ele acrescentou que tem informações de que Jorgina estaria pagando cerca de US$ 300 mil mensais para um grupo de advogados costa-riquenhos, que administrariam seus negócios no país.
Há evidências também de que a advogada teria vendido, há cerca de dois meses, um apartamento duplex localizado em um condomínio de luxo do bairro de Belo Horizonte, em São José (Costa Rica), por US$ 2,5 milhões.
Condenada inicialmente a 12 anos de detenção por peculato e formação de quadrilha, a advogada passou quase cinco anos foragida do país, tendo sido localizada e presa na Costa Rica em novembro de 1997.
Três meses depois, foi extraditada para o Brasil. Ela está presa no Rio de Janeiro até hoje. Além da Costa Rica, Jorgina Fernandes também ficou foragida nos Estados Unidos.
Antes de ser extraditada para o Brasil, a advogada também já havia sido condenada pela Justiça norte-americana a pagar US$ 123 milhões ao INSS.
Segundo cálculos da Previdência, pelo menos 5.000 famílias brasileiras tiveram suas indenizações previdenciárias desviadas pelo grupo liderado por Jorgina.


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