São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999
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Transposição é alternativa

da enviada especial ao Cariri

Uma combinação de má gestão dos recursos hídricos com uma queda gradativa do volume de chuvas em quase todo o Estado e uma elevação do nível de evaporação dos açudes. Basicamente esses três fatores têm contribuído para o colapso no abastecimento de água que a Paraíba vem enfrentando desde o ano passado.
Para a maioria dos técnicos e dos políticos paraibanos, a solução para a falta d'água no Estado seria a realização da transposição das águas do rio São Francisco, uma obra de US$ 2 bilhões, que tem entre seus críticos o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
No entanto, mesmo os mais fervorosos defensores da transposição sustentam que é preciso tomar uma série de medidas complementares para enfrentar a estiagem enquanto a obra estrutural não sai do papel.
Na opinião do secretário de Recursos Hídricos do Estado, Ivonaldo Elias de Lima, entre essas providências está, por exemplo, a interligação de bacias dentro do próprio Estado, cujo principal objetivo seria o de tirar água de lugares onde os mananciais são abundantes para levar às áreas críticas, preparando a transposição.
Segundo o secretário, o governo estadual já está fazendo isso. Porém, o ritmo das obras depende da disponibilidade de recursos, estaduais e federais.
A adutora do Cariri, cuja meta é levar água do açude Boqueirão, sistema que abastece Campina Grande, para cidades da região mais seca da Paraíba, só deve ficar pronta em 2000.
O empecilho para essa adutora é que ela apenas poderá entrar em funcionamento quando uma outra obra estiver pronta: a barragem de Acauã, que vai ajudar no abastecimento de Campina Grande, hoje também em colapso porque o Boqueirão opera com apenas 16% de sua capacidade.
Assim, o açude de Boqueirão poderia ceder água para a região do Cariri. A barragem de Acauã só deverá ser concluída em novembro do próximo ano.
"O governo estadual está fazendo a interligação das bacias, mas essas obras só terão utilidade se for feita a transposição do São Francisco. Precisamos importar água para evitar que a população seja exportada", diz o deputado Francisco Quintans (PSDB), presidente da comissão Assembléia Legislativa encarregada de discutir soluções para a seca.
Para vários técnicos em recursos hídricos, a interligação de bacias é hoje o caminho a ser trilhado porque, na visão deles, o modelo de ""açudagem", ou seja, de acumulação pontual de água estaria esgotado.
"Muitos açudes foram construídos de maneira aleatória. No Cariri, por exemplo, temos mais açudes do que a capacidade de armazenamento de água", acredita o especialista em recursos hídricos João Ferreira Filho. (PA)


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