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Transposição é alternativa
da enviada especial ao Cariri
Uma combinação de má gestão
dos recursos hídricos com uma
queda gradativa do volume de
chuvas em quase todo o Estado e
uma elevação do nível de evaporação dos açudes. Basicamente
esses três fatores têm contribuído
para o colapso no abastecimento
de água que a Paraíba vem enfrentando desde o ano passado.
Para a maioria dos técnicos e
dos políticos paraibanos, a solução para a falta d'água no Estado
seria a realização da transposição
das águas do rio São Francisco,
uma obra de US$ 2 bilhões, que
tem entre seus críticos o presidente do Congresso, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA).
No entanto, mesmo os mais fervorosos defensores da transposição sustentam que é preciso tomar uma série de medidas complementares para enfrentar a estiagem enquanto a obra estrutural não sai do papel.
Na opinião do secretário de Recursos Hídricos do Estado, Ivonaldo Elias de Lima, entre essas
providências está, por exemplo, a
interligação de bacias dentro do
próprio Estado, cujo principal objetivo seria o de tirar água de lugares onde os mananciais são abundantes para levar às áreas críticas,
preparando a transposição.
Segundo o secretário, o governo
estadual já está fazendo isso. Porém, o ritmo das obras depende
da disponibilidade de recursos,
estaduais e federais.
A adutora do Cariri, cuja meta é
levar água do açude Boqueirão,
sistema que abastece Campina
Grande, para cidades da região
mais seca da Paraíba, só deve ficar
pronta em 2000.
O empecilho para essa adutora
é que ela apenas poderá entrar em
funcionamento quando uma outra obra estiver pronta: a barragem de Acauã, que vai ajudar no
abastecimento de Campina Grande, hoje também em colapso porque o Boqueirão opera com apenas 16% de sua capacidade.
Assim, o açude de Boqueirão
poderia ceder água para a região
do Cariri. A barragem de Acauã
só deverá ser concluída em novembro do próximo ano.
"O governo estadual está fazendo a interligação das bacias, mas
essas obras só terão utilidade se
for feita a transposição do São
Francisco. Precisamos importar
água para evitar que a população
seja exportada", diz o deputado
Francisco Quintans (PSDB), presidente da comissão Assembléia
Legislativa encarregada de discutir soluções para a seca.
Para vários técnicos em recursos hídricos, a interligação de bacias é hoje o caminho a ser trilhado porque, na visão deles, o modelo de ""açudagem", ou seja, de
acumulação pontual de água estaria esgotado.
"Muitos açudes foram construídos de maneira aleatória. No Cariri, por exemplo, temos mais
açudes do que a capacidade de armazenamento de água", acredita
o especialista em recursos hídricos João Ferreira Filho.
(PA)
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