São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999
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Brejo enfrenta primeira estiagem de sua história

da enviada especial ao Cariri

Pela definição do dicionário Aurélio Buarque de Hollanda, a palavra Brejo tem o seguinte significado: "Lugar úmido, frio e ventoso, terreno onde os rios se conservam mais ou menos permanentes e em geral fértil em virtude dos transbordamentos anuais, por ocasião das chuvas".
Na Paraíba, a área conhecida como Brejo, situada próxima ao litoral e que congrega aproximadamente 20 municípios, enfrenta, pela primeira vez na sua história, um quadro de estiagem.
Região onde tradicionalmente se cultiva cana-de-açúcar e várias tipos de frutas como o abacaxi, o Brejo neste ano está vivendo uma realidade nova. A agricultura teve prejuízos e os cerca de 120 mil moradores foram obrigados a conviver com o racionamento de água.
Na cidade de Alagoa Branca, as filas para pegar água no poço varam a madrugada.
Alguns moradores se aglomeram nas ruas do município com seus baldes para fazer a coleta em caixas d'água. O tempo médio de espera para encher os recipientes é de quatro horas.
"Vai fazer 25 anos que estou aqui e é a primeira vez que vejo um negócio desse", disse Vanusa Maria da Silva, 25, enquanto esperava por sua vez para encher as latas. Ao seu lado, o feirante Antônio Carlos Ferreira, 47, segurava sete baldes.
Ele havia chegado ao local às 10 da manhã, já passava das 18 horas e ainda não tinha conseguido encher as latas.
O rio que abastece a cidade de Alagoa Branca, que tem um regime perene, está praticamente seco. Até mesmo em cidades do litoral paraibano, a falta d'água é uma realidade. É o caso de Pitimbú, localizada à beira-mar.
Segundo o prefeito, Rômulo Carneiro (PSDB), há cerca de 60 dias a cidade teve de entrar no racionamento de água. O abastecimento está sendo feito há cerca de 20 dias por carros-pipa. "É o primeiro ano de caos aqui", afirma Carneiro.
Em Pedras de Fogo, outra cidade do litoral, houve racionamento de água entre setembro de 98 e maio de 99.
Há 30 dias, começou de novo o controle. De acordo com o prefeito, Manoel Júnior (PSDB), a safra agrícola teve perda de 50% e a produção de abacaxi, de 30%. (PA)


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