São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2000

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CONGRESSO

Políticos rivais voltam a trocar acusações na tribuna do Senado

Jader e ACM retomam bate-boca

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fracassou ao tentar defender o presidente do seu partido, Jader Barbalho (PA), de acusações feitas há oito meses pelo presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Isso agravou o confronto entre os dois.
Simon foi à tribuna para defender a candidatura de Jader à presidência do Senado e pedir trégua a ACM. A estratégia fora definida pelo PMDB em reunião na casa do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), com os ministros do partido.
Com o discurso, ACM renovou as denúncias, acusando Jader de "ladroagem" e de comandar o grupo responsável pela corrupção na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
O presidente do PMDB, que ficou no gabinete durante o discurso de Simon, decidiu se defender pessoalmente e, num discurso tenso, fez várias acusações contra ACM. Ao terminar, saiu do plenário para não ouvir a réplica do baiano, que o chamou de "fujão".
Senadores manifestaram temor por um confronto físico entre os dois. Para peemedebistas, o "tiro saiu pela culatra". O que se ouvia era que Simon havia dado "um tiro no pé" e marcado "gol contra".
Ao defender a candidatura de Jader, o senador gaúcho disse que, "se fosse escolher pela biografia, ficaria com Cristo". Ele se referiu à passagem da Bíblia segundo a qual Jesus salvou Maria Madalena de ser apedrejada desafiando quem não fosse pecador a atirar a primeira pedra. "Se alguém aqui disser isso, eu não atiro a primeira pedra", disse Simon.
Ele não tentou rebater as acusações de corrupção contra Jader nem usou relatórios que os ministros Eliseu Padilha (Transportes) e Fernando Bezerra (Integração Nacional) deram para municiar os peemedebistas na ofensiva.
Jader disse não aceitar ser responsabilizado por irregularidades na Sudam por fazer indicações políticas. Acusou ACM de não declarar todos os bens, insinuando estar entre eles a construtora OAS, e de ter um "laranjal".
"Só não aceito ser chamado de Antonio Carlos Gallerani", disse, referindo-se a Rubens Gallerani, amigo e ex-assessor de ACM, acusado de tráfico de influência e enriquecimento ilícito.
"Ele não precisa mudar de nome porque Jader Barbalho já é um nome que mancha a política brasileira", disse ACM.
No momento mais surpreendente para o plenário, o presidente do Senado acusou a OAS de corrupção. Seu genro César Mata Pires é sócio da empresa.
"Não tenho nada com a OAS. Eu a vejo como uma empreiteira qualquer. Quando encontra uma forma de fazer corrupção, faz."
Segundo ele, é Jader quem se beneficiaria da OAS (citou doações de campanha eleitoral de R$ 100 mil) e quem teria "um laranjal" -mais de 25 pessoas receberiam dinheiro por ele.


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