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OUTRO LADO
Corretoras e fundos afirmam ignorar critérios da CPI; Prece contesta dados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
O principal argumento de fundos de pensão e corretoras citados
pela CPI dos Correios é o de que
eles desconhecem os critérios
usados pelos parlamentares para
chegar aos prejuízos apontados
em operações na BM&F (Bolsa de
Mercadorias e Futuros) nos últimos cinco anos. Outro grupo afirma não ter tido prejuízo no período. Há ainda os que não se manifestaram ou não foram encontrados pela reportagem.
Já a Prece (fundo dos funcionários da Cedae), por meio de nota,
contestou os dados da CPI, classificando o relatório de "absurdo" e
de conter "inconsistências tão gritantes que serão facilmente provadas em qualquer tribunal". A
Prece informou que superou a
meta atuarial (rentabilidade mínima a ser alcançada num ano)
em 2003 e 2004 e que seus ativos
subiram de R$ 433,2 milhões para
R$ 714,6 milhões de 2001 a 2005.
"A análise de todas essas informações mostra-nos estar havendo uma intenção de uso político
de dados com o objetivo de causar
prejuízo de imagem à Prece e, certamente, tentar atender a interesses políticos partidários inconfessáveis", diz o texto.
O presidente do Postalis (Correios), José Teixeira, estranhou a
conclusão do relatório porque a
entidade não operaria na BM&F.
"A única explicação que encontro
para isso é que temos fundos de
investimento terceirizados, que
são autônomos, e podem ter feito
essas operações", disse ele.
Teixeira disse que estava "chocado" com o prejuízo de R$ 41,9
milhões apontado pela CPI. E
completou: "Há dez anos, éramos
o 34º fundo em patrimônio e hoje
crescemos para 15º. Isso não se
constrói com prejuízo".
A Centrus (Fundação Banco
Central de Previdência Privada)
afirmou que teve um ganho total
de R$ 6 bilhões nesse período e o
suposto prejuízo de R$ 2 milhões,
caso tenha ocorrido, representa
0,0057% do patrimônio do fundo.
A Geap -fundação de seguridade social da administração federal- disse que já apresentou à
CPI um relatório mostrando que
não houve prejuízos nos investimentos de 2003 a 2005.
O operador de mercado financeiro Lúcio Bolonha Funaro disse
que só vai se pronunciar quando
conhecer o teor do relatório e negou envolvimento societário com
as corretoras citadas pela CPI.
Lembrou que sua empresa é a
Royster e que ele obteve ontem
uma liminar no STF para impedir
a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa.
A Folha deixou recado no escritório de Christian Almeida Rego,
mas ele não ligou de volta. Não foram localizados representantes da
Serpros (Serviço Federal de Processamento de Dados) nem do
Portus (sistema portuário).
Eliana Bertorello, advogada da
corretora São Paulo, informou
que a corretora só vai se pronunciar caso seja instada formalmente pela CPI. A Socopa, por meio de
seus assessores, afirmou que só
irá se manifestar depois de tomar
ciência do relatório da CPI.
Por meio de sua assessoria, a
Planner confirmou a existência de
apenas uma empresa, a Planner
Corretora de Valores S/A. A empresa lembrou que, como em
qualquer corretora, as ordens
partem dos clientes donos das
carteiras que a corretora gerencia.
Na Laeta, não havia ninguém
que pudesse atender a reportagem, que também não conseguiu
contatar as corretoras Clicktrade,
Walpires, Fator Doria, Novinvest
e Cruzeiro do Sul, Euro DTVM e
José Car.
A Bônus-Banval, por meio de
sua assessoria, reiterou sua disposição em ajudar a CPI.
A Petros (Petrobras) informou
em seu boletim eletrônico que
atingiu desde janeiro de 2003 uma
rentabilidade de 72%, acima da
meta atuarial de 43%. Em relação
à "carteira de renda variável (gestão da Petros) de ativos negociados na Bovespa e na BMF, a rentabilidade na atual gestão foi de
239%, cinco vezes maior do que a
meta atuarial", diz o boletim.
A Petros informou também que
realizará amanhã uma entrevista
coletiva para "esclarecer com detalhes a série de informações infundadas que ferem a imagem da
Fundação Petrobras de Seguridade Social".
A direção do Nucleos (dos funcionários das estatais de energia
nuclear) não comentou os números da CPI dos Correios. Informou, no entanto, que a consultoria KPMG já havia detectado prejuízos de cerca de R$ 22,7 milhões
em operações com títulos públicos feitas na gestão anterior.
O presidente da fundação Real
Grandeza (dos empregados de
Furnas), Sérgio Wilson Ferraz
Fontes, disse que não teve acesso
aos dados da CPI, e desconhece a
metodologia de cálculo usada pelos parlamentares.
A Fundação Sistel de Seguridade Social informou que não comentaria o relatório da CPI por
desconhecer o seu teor. A reportagem procurou também a diretoria do Eletros (fundo de pensão
dos empregados da Eletrobrás) às
17h30, mas o expediente já havia
terminado às 17h. A Folha tentou
ainda entrar em contato com a
Refer, mas os telefones que constavam da lista telefônica estavam
sempre ocupados.
O Funcef informou que poderia
enviar uma nota explicativa, mas,
até o fechamento desta edição, ela
ainda não havia sido enviada. A
corretora Quality, que teria ganho
R$ 5,609 milhões com operações
realizadas pelo Prece (Cedae), não
ligou de volta até o fechamento
desta edição.
O ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno nega
ter exercido ingerência política
sobre fundos de pensão. Ele diz
que apenas repassava currículos,
com indicações políticas, aos fundos.
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