São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Em entrevistas a rádios, pré-candidata ao governo de SP defende prévias e diz que crise deverá afetar todas as candidaturas do partido

Para Marta, "mensalão" vai atrapalhar PT

DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), pré-candidata ao governo do Estado, disse ontem, em entrevista à rádio Eldorado, que o escândalo do mensalão "vai atrapalhar todas as candidaturas do PT à medida que foi uma coisa muito pesada para o partido": "O PT sai muito chamuscado disso".
Em outra entrevista, desta vez para a rádio Jovem Pan, ela disse que a eleição do ano que vem "vai ser uma disputa muito difícil, exatamente pelos grandes erros que foram cometidos" pelo PT.
Marta, que no fim de semana participou do Encontro Estadual da legenda, no qual assumiu sua pré-candidatura, em oposição ao senador Aloizio Mercadante, iniciou nesta semana uma série de entrevistas que têm como objetivo dar mais visibilidade a seu nome, sobretudo no interior.
A ex-prefeita disse que "erros graves foram cometidos", mas destacou "êxitos" do governo Lula que, em sua opinião, devem ser explorados pelos petistas, como a criação de empregos com carteira assinada, o controle da inflação e superávit da balança comercial.
Ao comentar uma frase da deputada federal Luciana Genro (Psol-RS), que disse que "o PT dizia que era melhor que os outros partidos, mas hoje tem de provar que não é o pior", Marta riu: "Acho que do PT exige-se o que ele sempre pregou, e com razão".
Em sua avaliação, o partido foi criado "na base para mudar a política, a ética e, de repente, ter de lidar com o que aconteceu, é muito difícil". Ela observou que "as pessoas ficam indignadas, porque de todo partido se esperava qualquer coisa, mas do PT, não".
Porém a ex-prefeita afirmou que "a maioria dos políticos do PT não tem nada a ver com isso e tem uma hora que tem de parar de ajoelhar no milho e começar a dizer o que tem de positivo".
Na semana passada, a ex-prefeita esteve com Lula, no Planalto, para lhe dizer que pretende ser a candidata ao governo do Estado de São Paulo. Ela tem procurado explicitar que Lula permanecerá neutro na disputa interna do PT.
Anteontem, o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, disse que Lula pode interferir nas disputas entre pré-candidatos nos Estados quando houver "polêmica", caso de São Paulo. Para Marta, as prévias, longe do desgaste que podem gerar ao partido, fazem parte da "tradição do PT, ao contrário de outros partidos", como o PSDB. "O partido [PT] é democrático. Não tem cúpula que decide", disse.
Marta lembrou que "o próprio presidente Lula participou de uma prévia com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP)", em 2002: "Acho que dá para fazer uma disputa democrática, civilizada".
Em sua pré-campanha, Marta afirmou que percorreu cerca de 150 cidades do interior para mostrar o que fez quando prefeita. Ela criticou a "falta de planejamento de desenvolvimento econômico regional" do Estado: "Nada tem planejamento", disse. "Vamos ter de ter propostas de desenvolvimento para cada região."
A ex-prefeita elogiou a iniciativa do prefeito José Serra (PSDB), de reiniciar as obras dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), mas também o alfinetou: "Ele podia ter começado antes, porque o terreno já estava comprado". Ela disse que Serra piorou o transporte coletivo na cidade e também tem feito má gestão na saúde.


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