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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Em entrevistas a rádios, pré-candidata ao governo de SP defende prévias e diz que crise deverá afetar todas as candidaturas do partido
Para Marta, "mensalão" vai atrapalhar PT
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), pré-candidata ao
governo do Estado, disse ontem,
em entrevista à rádio Eldorado,
que o escândalo do mensalão "vai
atrapalhar todas as candidaturas
do PT à medida que foi uma coisa
muito pesada para o partido": "O
PT sai muito chamuscado disso".
Em outra entrevista, desta vez
para a rádio Jovem Pan, ela disse
que a eleição do ano que vem "vai
ser uma disputa muito difícil, exatamente pelos grandes erros que
foram cometidos" pelo PT.
Marta, que no fim de semana
participou do Encontro Estadual
da legenda, no qual assumiu sua
pré-candidatura, em oposição ao
senador Aloizio Mercadante, iniciou nesta semana uma série de
entrevistas que têm como objetivo dar mais visibilidade a seu nome, sobretudo no interior.
A ex-prefeita disse que "erros
graves foram cometidos", mas
destacou "êxitos" do governo Lula que, em sua opinião, devem ser
explorados pelos petistas, como a
criação de empregos com carteira
assinada, o controle da inflação e
superávit da balança comercial.
Ao comentar uma frase da deputada federal Luciana Genro
(Psol-RS), que disse que "o PT dizia que era melhor que os outros
partidos, mas hoje tem de provar
que não é o pior", Marta riu:
"Acho que do PT exige-se o que
ele sempre pregou, e com razão".
Em sua avaliação, o partido foi
criado "na base para mudar a política, a ética e, de repente, ter de
lidar com o que aconteceu, é muito difícil". Ela observou que "as
pessoas ficam indignadas, porque
de todo partido se esperava qualquer coisa, mas do PT, não".
Porém a ex-prefeita afirmou
que "a maioria dos políticos do
PT não tem nada a ver com isso e
tem uma hora que tem de parar
de ajoelhar no milho e começar a
dizer o que tem de positivo".
Na semana passada, a ex-prefeita esteve com Lula, no Planalto,
para lhe dizer que pretende ser a
candidata ao governo do Estado
de São Paulo. Ela tem procurado
explicitar que Lula permanecerá
neutro na disputa interna do PT.
Anteontem, o ministro das Relações Institucionais, Jaques
Wagner, disse que Lula pode interferir nas disputas entre pré-candidatos nos Estados quando
houver "polêmica", caso de São
Paulo. Para Marta, as prévias, longe do desgaste que podem gerar
ao partido, fazem parte da "tradição do PT, ao contrário de outros
partidos", como o PSDB. "O partido [PT] é democrático. Não tem
cúpula que decide", disse.
Marta lembrou que "o próprio
presidente Lula participou de
uma prévia com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP)", em 2002:
"Acho que dá para fazer uma disputa democrática, civilizada".
Em sua pré-campanha, Marta
afirmou que percorreu cerca de
150 cidades do interior para mostrar o que fez quando prefeita. Ela
criticou a "falta de planejamento
de desenvolvimento econômico
regional" do Estado: "Nada tem
planejamento", disse. "Vamos ter
de ter propostas de desenvolvimento para cada região."
A ex-prefeita elogiou a iniciativa
do prefeito José Serra (PSDB), de
reiniciar as obras dos CEUs (Centros Educacionais Unificados),
mas também o alfinetou: "Ele podia ter começado antes, porque o
terreno já estava comprado". Ela
disse que Serra piorou o transporte coletivo na cidade e também
tem feito má gestão na saúde.
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