São Paulo, domingo, 8 de fevereiro de 1998

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Pescador fura os tímpanos

do enviado especial

Na busca da lagosta no fundo do mar, o pescador é capaz até mesmo de furar os tímpanos por achar que isso facilita a descompressão. Isso ocorre principalmente quando ele sente dores de ouvido com a pressão em grande profundidade.
Outra solução igualmente curiosa é o uso da maconha na dieta do mergulhador de lagosta. O médico Souza Mendes, do Hospital Naval de Natal, diz que os pescadores acreditam que a maconha alivia dores e diminui a tensão.
Pescadores ouvidos pela Folha afirmam que a maconha também dá coragem para enfrentar o desafio das grandes profundidades. A prática da pesca da lagosta também inclui o uso da pasta de dente no mergulho.
Um dos equipamentos do mergulho é um botijão de gás de cozinha vazio em que o ar, gerado por um motor, fica comprimido.
Isso evita que o estampido sequencial do motor vá direto para os pulmões. A pasta é usada no interior do botijão para evitar que o ar que sai tenha gosto de gás.
Carlos Dantas, médico do Hospital Naval de Natal especializado em doenças causadas por mergulho, diz que a saúde dos mergulhadores também se fragiliza pela toxicidade do ar que eles respiram.
Isso ocorre porque os motores que geram o ar não têm filtros. O ar é altamente tóxico. Muitas vezes, o ar vem misturado ao óleo diesel que abastece os motores.
Para o médico Souza Ramos, haverá em breve uma "geração de mutilados" entre os pescadores de lagosta do Estado.
Os próprios pescadores acreditam que se tornarão inválidos aos 40 anos. (EN)



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