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SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Disputa no PMDB sobre apoio a FHC fica mais acirrada
Anúncio de Itamar deixa
jogo eleitoral em suspenso
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
O ex-presidente Itamar
Franco (PMDB)
entregou o cargo de embaixador, lançou-se
candidato à Presidência e embarcou de volta para os Estados
Unidos, na sexta-feira à tarde, deixando um rastro de indefinições
na sucessão presidencial.
As dúvidas são as mesmas, do
Planalto ao PT: Itamar será candidato à Presidência, ao governo de
Minas ou a nada? Conseguirá ou
não a legenda do PMDB? Fará uma
aliança com o pré-candidato do
PPS, Ciro Gomes, ou acabará
compondo com o presidente Fernando Henrique Cardoso?
Ao anunciar que seria candidato, Itamar criou expectativas no
PMDB oposicionista, paralisou a
oposição e acionou os instrumentos de defesa do governo. Deixou
tudo e todos no ar.
No almoço de quinta-feira, no
Palácio da Alvorada, FHC disse a
Itamar que não gostaria de concorrer contra ele, mas considerava
sua candidatura legítima e democrática. Logo, não faria nada para
impedi-la.
Simultaneamente, porém, governistas do PMDB, do PSDB e do
PFL entraram em ação para tentar
neutralizar Itamar Franco. Os oito
governadores peemedebistas foram acionados para assinar uma
nota de apoio à reeleição de FHC e
marcaram reunião em Brasília,
nesta terça-feira.
Eles vão refazer o levantamento,
Estado por Estado, dos 696 votos
dos 511 convencionais do PMDB
que, no dia 8 de março, decidirão
se o partido deve apoiar FHC ou
ter candidato próprio. Se prevalecer a tese do nome próprio, ele só
será escolhido em junho, numa
nova convenção.
Além de Itamar, a expectativa é
que apenas o senador Roberto Requião (PR) -com dificuldades
para concorrer ao governo do Paraná- se habilite à vaga. O senador e ex-presidente José Sarney
(AP) usou Itamar para uma saída
estratégica.
Pelas contas do presidente do
PMDB, Paes de Andrade (CE), a
candidatura própria já tem 417 votos. Pelas contas do PMDB governista, entretanto, FHC tem o
apoio praticamente integral dos
convencionais do Rio Grande do
Sul, Pará, Goiás, Pernambuco,
Mato Grosso do Sul, Paraíba e Rio
Grande do Norte.
Os principais focos de oposição
são São Paulo, sob a liderança do
ex-governador Orestes Quércia, e
Paraná, por causa de Requião. Em
Minas Gerais, o PMDB está dividido. Nos demais, é pulverizado.
A favor do governo, conta a dependência que os convencionais
têm das lideranças, majoritariamente comprometidas com FHC.
Contra, contam o voto secreto e o
clima da convenção: a bandeira da
não-candidatura própria é racional; convenções costumam ser
emocionais.
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