São Paulo, domingo, 8 de fevereiro de 1998

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SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Disputa no PMDB sobre apoio a FHC fica mais acirrada
Anúncio de Itamar deixa jogo eleitoral em suspenso

ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília


O ex-presidente Itamar Franco (PMDB) entregou o cargo de embaixador, lançou-se candidato à Presidência e embarcou de volta para os Estados Unidos, na sexta-feira à tarde, deixando um rastro de indefinições na sucessão presidencial.
As dúvidas são as mesmas, do Planalto ao PT: Itamar será candidato à Presidência, ao governo de Minas ou a nada? Conseguirá ou não a legenda do PMDB? Fará uma aliança com o pré-candidato do PPS, Ciro Gomes, ou acabará compondo com o presidente Fernando Henrique Cardoso?
Ao anunciar que seria candidato, Itamar criou expectativas no PMDB oposicionista, paralisou a oposição e acionou os instrumentos de defesa do governo. Deixou tudo e todos no ar.
No almoço de quinta-feira, no Palácio da Alvorada, FHC disse a Itamar que não gostaria de concorrer contra ele, mas considerava sua candidatura legítima e democrática. Logo, não faria nada para impedi-la.
Simultaneamente, porém, governistas do PMDB, do PSDB e do PFL entraram em ação para tentar neutralizar Itamar Franco. Os oito governadores peemedebistas foram acionados para assinar uma nota de apoio à reeleição de FHC e marcaram reunião em Brasília, nesta terça-feira.
Eles vão refazer o levantamento, Estado por Estado, dos 696 votos dos 511 convencionais do PMDB que, no dia 8 de março, decidirão se o partido deve apoiar FHC ou ter candidato próprio. Se prevalecer a tese do nome próprio, ele só será escolhido em junho, numa nova convenção.
Além de Itamar, a expectativa é que apenas o senador Roberto Requião (PR) -com dificuldades para concorrer ao governo do Paraná- se habilite à vaga. O senador e ex-presidente José Sarney (AP) usou Itamar para uma saída estratégica.
Pelas contas do presidente do PMDB, Paes de Andrade (CE), a candidatura própria já tem 417 votos. Pelas contas do PMDB governista, entretanto, FHC tem o apoio praticamente integral dos convencionais do Rio Grande do Sul, Pará, Goiás, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Os principais focos de oposição são São Paulo, sob a liderança do ex-governador Orestes Quércia, e Paraná, por causa de Requião. Em Minas Gerais, o PMDB está dividido. Nos demais, é pulverizado.
A favor do governo, conta a dependência que os convencionais têm das lideranças, majoritariamente comprometidas com FHC. Contra, contam o voto secreto e o clima da convenção: a bandeira da não-candidatura própria é racional; convenções costumam ser emocionais.



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