São Paulo, domingo, 8 de fevereiro de 1998

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INSS
Jorgina tem câncer de mama e catarata
Saúde pode atrasar volta de fraudadora

CLÁUDIA PIRES
enviada especial a San José

O estado de saúde da advogada Jorgina Maria de Freitas Fernandes pode contribuir para o adiamento de sua extradição da Costa Rica para o Brasil.
Jorgina foi condenada a 14 anos de prisão no Brasil por ter cometido fraudes contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Ela ficou foragida do país por quase quatro anos até se entregar à polícia da Costa Rica no início de novembro do ano passado.
De acordo com informações do centro médico do hospital San Juan de Dios, que atende as prisioneiras do presídio Bom Pastor -onde está Jorgina-, a brasileira tem passado por um forte tratamento quimioterápico nos últimos três meses. Jorgina sofre de câncer de mama há alguns anos.
Os médicos do hospital não quiseram dar maiores detalhes sobre a gravidade do caso.
O tratamento fez com que Jorgina emagrecesse e perdesse boa parte dos cabelos nos últimos meses, segundo imagens registradas por um canal de TV dentro do presídio Bom Pastor.
De acordo com a direção do presídio, a advogada continua se negando a dar entrevistas.
Catarata
Além do câncer, Jorgina está sofrendo de catarata. No final do mês passado, ela chegou a pedir autorização para fazer uma cirurgia, mas desistiu do pedido antes de obter resposta.
Na ocasião, segundo o advogado Jorge Granados Moreno, Jorgina teria preferido não fazer a cirurgia para acelerar sua volta ao Brasil.
De acordo com a assessoria da Suprema Corte da Costa Rica, os advogados da brasileira também podem pedir um adiamento da extradição alegando que sua cliente não tem condições de saúde para fazer a viagem.
Contradição
Os procedimentos adotados pela defesa de Jorgina nos últimos dias, no entanto, contrariam a afirmação de que a advogada estaria pronta para voltar ao Brasil o mais rápido possível.
Na semana passada, os advogados entraram na Corte Suprema com um pedido de contestação do termo de compromisso enviado pelo Ministério da Justiça do Brasil, que viabiliza a extradição de Jorgina. Essa contestação adiou o processo de extradição em pelo menos uma semana.
O pedido deve ser analisado pelo juiz Gerardo Arturo Rojas Fernandes, responsável por determinar o dia e o horário do embarque, na próxima quarta-feira.
De acordo com informações obtidas com as autoridades judiciais da Costa Rica, o juiz deve pedir que o governo brasileiro faça uma revisão do termo de compromisso enviado nesta semana.
Para os advogados de Jorgina, o tratado enviado pelo Brasil não aceita todos os termos estipulados pela legislação da Costa Rica. "A defesa vai exigir que o documento final garanta que Jorgina não será julgada novamente, o que está previsto na legislação costarriquenha", afirmou o advogado brasileiro Rogério Marcoline.



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