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HOMENAGEM
Favela em divisa da cidade pára para ver governador
Moradores acordam cedo e mudam sua rotina para esperar passagem de Covas
DA REPORTAGEM LOCAL
Os moradores da favela Rodovia dos Imigrantes, na divisa de
São Paulo com Diadema, acordaram mais cedo ontem para se
preparar para a passagem do
cortejo que levou o corpo do governador Mário Covas ao cemitério do Paquetá, em Santos.
A favela tem cerca de 800 moradores (eles dizem que nunca
foi feito um censo na favela), entre eles centenas de crianças que
brincam perigosamente na beira da estrada todos os dias.
Ontem, a maioria dos moradores subiu e desceu muitas vezes as íngremes vielas que percorrem a favela, seguindo o noticiário que a TV mostrava. Falavam pouco. Os rádios estavam
desligados, os bares, vazios.
A seu modo, a favela preparava desde às 6h sua última homenagem ao governador que acabou com o maior de seus pesadelos, fechando a Febem da Imigrantes, em 1999. "Quando os
garotos queimavam colchões
ninguém aguentava a fumaça",
diz Helena, 68 anos de vida e 15
de favela, como se a fumaça dos
colchões fosse pior do que a ausência de esgoto.
Os moradores acenaram, em
silêncio, dando adeus a Covas. O
cortejo, enfim, passou em frente
à favela. Foi muito rápido. Adultos e crianças se alinharam nas
portas das casas e amontoaram-se em janelas e telhados.
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