São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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HOMENAGEM

Favela em divisa da cidade pára para ver governador

Moradores acordam cedo e mudam sua rotina para esperar passagem de Covas

DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores da favela Rodovia dos Imigrantes, na divisa de São Paulo com Diadema, acordaram mais cedo ontem para se preparar para a passagem do cortejo que levou o corpo do governador Mário Covas ao cemitério do Paquetá, em Santos.
A favela tem cerca de 800 moradores (eles dizem que nunca foi feito um censo na favela), entre eles centenas de crianças que brincam perigosamente na beira da estrada todos os dias.
Ontem, a maioria dos moradores subiu e desceu muitas vezes as íngremes vielas que percorrem a favela, seguindo o noticiário que a TV mostrava. Falavam pouco. Os rádios estavam desligados, os bares, vazios.
A seu modo, a favela preparava desde às 6h sua última homenagem ao governador que acabou com o maior de seus pesadelos, fechando a Febem da Imigrantes, em 1999. "Quando os garotos queimavam colchões ninguém aguentava a fumaça", diz Helena, 68 anos de vida e 15 de favela, como se a fumaça dos colchões fosse pior do que a ausência de esgoto.
Os moradores acenaram, em silêncio, dando adeus a Covas. O cortejo, enfim, passou em frente à favela. Foi muito rápido. Adultos e crianças se alinharam nas portas das casas e amontoaram-se em janelas e telhados.


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