São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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Problema é de senador, diz líder do PSDB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), disse ontem que o caso Banpará "não é uma questão de governo, mas do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que tem o direito de conhecer as acusações e se defender".
A afirmação é um exemplo de como o PSDB e o presidente Fernando Henrique Cardoso devem tratar as acusações de que Jader teria sido beneficiado financeiramente ao aplicar recursos do Banpará quando governou o Pará.
Tucanos e FHC não desejam fragilizar Jader, presidente do Senado e uma das principais lideranças peemedebistas aliadas, mas o ajudarão até certo limite.
O presidente e tucanos avaliam, reservadamente, que a situação de Jader é delicada.
FHC se reuniu com Jader anteontem e afirmou que não permitiria o que chamou de "vazamento irresponsável" do relatório do Banco Central que aponta que cerca de R$ 10 milhões do Banpará teriam sido desviados por Jader, quando governador do Pará (83-86), para contas bancárias suas e de seus familiares.
Como a prioridade do governo é evitar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), FHC não quer que o PMDB entre em crise e que ACM ganhe força para tentar provar as acusações. Foi ACM que levantou novamente o caso.
Segundo um auxiliar de FHC, a intenção do governo é apoiar um aliado guardando certa distância para tentar não se contaminar se a situação dele ficar insustentável.
Essa também é a visão da cúpula peemedebista, que está apreensiva. Apesar da solidariedade pública, causou incômodo no partido o fato de Jader usar argumentos jurídicos para se defender.
Além de dizer que não conhece o relatório, o presidente do Senado alega que um eventual crime pode estar prescrito, como avalia o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que seu sigilo bancário no caso pode estar ligado ao de outros diretores do Banpará e que a quebra não dependeria de uma vontade só dele. Jader pediu ao Banco Central cópia do relatório e não deu garantias de que irá torná-lo público.
Ao priorizar argumentos jurídicos, que o governo e o PMDB acham que Jader deve levar em conta, o presidente do Senado não enfrenta o que um peemedebista chamou de questionamento moral e transmite a idéia de que não tem como se defender das acusações da imprensa.




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