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ALIADOS EM CRISE
Pefelista também foi alvo de ataques do líder do PMDB, Renan Calheiros; senador baiano rebateu críticas
Senadora petista ataca ACM no plenário
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Durou apenas um dia a trégua
entre os políticos no Congresso.
Ontem, menos de quatro horas
depois do enterro do governador
Mário Covas, o Senado retomou o
bate-boca na sessão e a troca de
acusações. A senadora Heloísa
Helena (PT-SP) fez um discurso
duro contra o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), ex-presidente da Casa, alvo também
do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).
Durante 15 minutos, o plenário
ficou em silêncio acompanhando
o discurso de Heloísa Helena.
Tratando ACM por vossa excelência, como manda o regimento
no Legislativo, a senadora rebateu
as declarações do senador de que
ela teria votado contra a cassação
de Luiz Estevão (PMDB-DF).
"Vossa excelência (ACM) foi
muito mal acostumado neste
país, assustando muitas pessoas
com a síndrome do capitão do
mato. Nasci negrinha neste mundo e não me dobro a ninguém.
Vim negrinha neste mundo para
arrombar a porta da senzala se
preciso for, jamais para ser arrastada para ela. Fui educada, e não
domesticada para servir aos grandes e poderosos", afirmou.
As declarações de ACM foram
feitas em conversa com três procuradores no mês passado. A senadora repetiu citação chinesa
para dizer que os rumores estão
entre as coisas mais temíveis, porque quando repetidos com frequência podem criar um fato.
Heloísa Helena disse que os rumores sobre o seu voto na sessão
de cassação do senador seriam de
que ela teria tido um romance
com Estevão ou que teria feito
acordo com o senador Renan Calheiros por interesses regionais.
Do primeiro rumor, disse: "É
um argumento machista. Uma
ousadia. É o costume nojento de
submissão das mulheres a homenzinhos ricos. Eu não cuspo,
eu vomito em cima desses homens". Do segundo: "Deus me
deu um comportamento insuportável, uma intolerância crônica
contra acordos espúrios". A senadora cobrou a apresentação da
lista com os votos da sessão. "É
fundamental que essa lista apareça. A tal lista tem de aparecer com
o meu voto sim (pela cassação)."
ACM classificou o discurso da
senadora de "destempero verbal"
e disse que também não se "dobra" a ninguém. ACM afirmou
que também quer uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
para apurar as denúncias envolvendo o ex-secretário-geral da
Presidência Eduardo Jorge Caldas
Pereira.
"Eu também quero a CPI. Ampla, geral e irrestrita." No discurso, também tratando a senadora
por vossa excelência, ACM negou
que haja lista com os votos dos senadores na sessão de julgamento
de Estevão.
"Vossa excelência vai se arrepender bastante das afirmações
caluniosas e difamantes que eu
não merecia. Não mereço pela luta que estou fazendo pela moralização do país", disse.
Depois do bate-boca entre ACM
e a petista, foi a vez do ataque de
Calheiros. O peemedebista pediu
que ACM encaminhasse a quebra
de seu sigilo telefônico e bancário
ao Ministério Público de São Paulo, que apura denúncias da ex-primeira-dama Nicéa Pitta.
Entre as denúncias, a ex-mulher
de Pitta afirma que ACM pressionava para que o então prefeito,
Celso Pitta, liberasse recursos para a empreiteira OAS, na época
em que o Senado aprovava a antecipação de recursos orçamentários para São Paulo. Um dos sócios da OAS é o genro de ACM
César Matta Pires.
ACM afirmou que permitia a
quebra de seu sigilo, mas replicou
que Calheiros "é quem entende de
empreiteiros", procurando constranger o líder do PMDB.
"Conheço empreiteiros, mas
não tenho negócios com eles. O
senhor tem. Não me faça repetir o
que o senador Jader Barbalho disse, mandar o senhor ficar caladinho", respondeu Renan, referindo-se à sessão no ano passado em
que ACM e Jader trocaram acusações, no início das divergências
públicas entre os dois.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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