SOLANO NASCIMENTO
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os quatro técnicos que têm a "senha mestra" do painel eletrônico do Senado são operadores do Prodasen (serviço de processamento de dados do órgão) deslocados para trabalhar no plenário.
Segundo a Folha apurou, são eles Heitor Ledur, Hélio Ferreira Lima, Nilson Silva Almeida e um funcionário chamado Johnson. A senha permitiria operar o sistema, mas não, teoricamente, extrair uma lista de votos secretos.
O diretor da Divisão de Supervisão Operacional do Prodasen, Mário Aguiar, provavelmente também tem a mesma senha: ele coordena os operadores.
Em conversa com procuradores da República, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse ter obtido a lista da votação secreta que no ano passado cassou o mandato de Luiz Estevão. A Folha revelou, no sábado, que um funcionário do Prodasen entregou a ele uma lista com os votos.
O presidente da comissão que apura a denúncia, Dirceu Teixeira Matos, confirmou que quatro técnicos e um "gestor" do sistema têm a senha. Ele não deu nomes.
As empresas Eliseu Kopp, que vendeu o equipamento para votação eletrônica, e Panavídeo, contratada para a manutenção do sistema, também teriam a senha.
Segundo Matos, dois operadores disseram à comissão que não foi pedida uma lista e que, se fosse, não teriam como fazer. Eles não seriam programadores de computador, desconhecendo linguagens de programação.
Matos disse que outra hipótese de violação seria a retirada dos dados sem o uso da senha, com alguma alteração no programa, originalmente criado para não permitir saber o voto de cada senador. "Se há programa clandestino, só a perícia vai detectar", disse.
Para Carlos Coana, perito do Instituto de Criminalística da Polícia Civil paulista, mesmo sem a senha é possível fazer uma espécie de caminho inverso do voto e chegar à senha usada pelos senadores para votar, violando-se o sigilo.



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