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JORNADA DUPLA
Ministro opera na área de colega e discute a sucessão no comando do Congresso com líder do PMDB no Senado
Dirceu volta a atuar na operação política
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, voltou a atuar na articulação política -função que cabe ao colega Aldo Rebelo (Coordenação Política) desde a reforma
ministerial de janeiro- e recebeu
o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), em seu gabinete no fim da manhã. A Folha
apurou que trataram de política.
Falaram a respeito do acordo
feito entre os dois no início de
2003 no qual Renan abriu mão da
candidatura a presidente do Senado em benefício de José Sarney
(PMDB-AP). Em troca, teria
apoio do governo para suceder
Sarney em fevereiro de 2005.
Há uma semana, Lula vetou a
ida de Dirceu a encontro com a
cúpula do PMDB, sob o argumento de que ele deveria cuidar do gerenciamento do governo. O presidente, em razão do caso Waldomiro Diniz, acha que Dirceu deve
se preservar, voltando-se para
dentro da administração.
Na versão de Renan, o único tema político tratado foi a eleição
municipal em Maceió. O líder do
PMDB afirmou que eles conversaram principalmente sobre "temas administrativos do Estado"
-entre os quais a liberação de R$
80 milhões para obras na cidade.
"Não falei ontem sobre o acordo
porque já falei com o ministro 20
dias atrás. Também já cobrei todos aqueles que o testemunharam, inclusive do presidente Sarney", afirmou o peemedebista.
Apesar do acordo, Sarney quer
ser reeleito em fevereiro de 2005
para outro biênio. Como há o
compromisso com Renan, o governo está num dilema porque os
dois peemedebistas foram essenciais na operação para abafar a
CPI do caso Waldomiro e se tornaram imprescindíveis para a governabilidade no Congresso.
Ou seja, o governo será chamado a tomar uma decisão. Por ora,
tem simpatia pela reeleição de José Sarney.
Mas há fortes resistências na base congressual (até na bancada do
PT) à aprovação de uma emenda
permitindo a reeleição dos presidentes das duas Casas do Congresso na mesma legislatura. O
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (SP), trabalha pela reeleição dele e de Sarney.
Renan foi a Dirceu porque o
PMDB tem dúvida em relação à
autonomia de Aldo Rebelo, coordenador político, para dar uma
palavra final sobre o cumprimento ou não do acordo. O partido
aguarda um almoço com o próprio Lula para bater o martelo.
Curiosidade: na hora da audiência, agenda oficial de Dirceu previa "despachos internos".
Procurada pela Folha, a assessoria do ministro afirmou que assuntos administrativos foram o
tema da conversa com o senador.
(KENNEDY ALENCAR)
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