São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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JORNADA DUPLA

Ministro opera na área de colega e discute a sucessão no comando do Congresso com líder do PMDB no Senado

Dirceu volta a atuar na operação política

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, voltou a atuar na articulação política -função que cabe ao colega Aldo Rebelo (Coordenação Política) desde a reforma ministerial de janeiro- e recebeu o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), em seu gabinete no fim da manhã. A Folha apurou que trataram de política.
Falaram a respeito do acordo feito entre os dois no início de 2003 no qual Renan abriu mão da candidatura a presidente do Senado em benefício de José Sarney (PMDB-AP). Em troca, teria apoio do governo para suceder Sarney em fevereiro de 2005.
Há uma semana, Lula vetou a ida de Dirceu a encontro com a cúpula do PMDB, sob o argumento de que ele deveria cuidar do gerenciamento do governo. O presidente, em razão do caso Waldomiro Diniz, acha que Dirceu deve se preservar, voltando-se para dentro da administração.
Na versão de Renan, o único tema político tratado foi a eleição municipal em Maceió. O líder do PMDB afirmou que eles conversaram principalmente sobre "temas administrativos do Estado" -entre os quais a liberação de R$ 80 milhões para obras na cidade.
"Não falei ontem sobre o acordo porque já falei com o ministro 20 dias atrás. Também já cobrei todos aqueles que o testemunharam, inclusive do presidente Sarney", afirmou o peemedebista.
Apesar do acordo, Sarney quer ser reeleito em fevereiro de 2005 para outro biênio. Como há o compromisso com Renan, o governo está num dilema porque os dois peemedebistas foram essenciais na operação para abafar a CPI do caso Waldomiro e se tornaram imprescindíveis para a governabilidade no Congresso.
Ou seja, o governo será chamado a tomar uma decisão. Por ora, tem simpatia pela reeleição de José Sarney.
Mas há fortes resistências na base congressual (até na bancada do PT) à aprovação de uma emenda permitindo a reeleição dos presidentes das duas Casas do Congresso na mesma legislatura. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (SP), trabalha pela reeleição dele e de Sarney.
Renan foi a Dirceu porque o PMDB tem dúvida em relação à autonomia de Aldo Rebelo, coordenador político, para dar uma palavra final sobre o cumprimento ou não do acordo. O partido aguarda um almoço com o próprio Lula para bater o martelo.
Curiosidade: na hora da audiência, agenda oficial de Dirceu previa "despachos internos".
Procurada pela Folha, a assessoria do ministro afirmou que assuntos administrativos foram o tema da conversa com o senador.
(KENNEDY ALENCAR)


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