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MÁQUINA PÚBLICA
"Não tem discussão", disse Mantega antes de falar com ministro da Defesa; depois, afirmou que ia estudar a proposta
Viegas cobra aumento para os militares
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro José Viegas (Defesa)
pediu ontem ao colega Guido
Mantega (Planejamento) reajuste
salarial para os 330 mil militares
que estão sem aumento desde
2000 e mais dinheiro para reaparelhar as Forças Armadas. Saiu
com a promessa de que a proposta será "estudada" em um prazo
ainda indefinido.
Anteontem, para evitar uma
greve geral do funcionalismo, o
governo melhorou a proposta de
reajuste. Agora, 905.848 ativos e
aposentados terão aumentos acima da inflação acumulada em
2003, de 9,3% pelo IPCA.
Outras categorias ainda estão
negociando em separado o reajuste. É o caso dos militares, que
não entraram nos aumentos salariais anunciados anteontem.
Mantega chegou ao local da reunião de ontem antes de Viegas e
disse que a conversa não seria sobre reajustes porque não existem
recursos no Orçamento: "Não
tem discussão para os militares".
Viegas explicou que apresentou
algumas sugestões de reajuste e de
aumento do orçamento das Forças Armadas. Mas, segundo ele,
Mantega pediu que os números
não fossem divulgados porque isso poderia criar uma expectativa
entre os militares.
"É uma soma considerável e temos que ter cuidado para dimensionar o impacto no Orçamento
da União", disse Viegas.
Segundo ele, a falta de uma sinalização sobre a política salarial das
Forças Armadas não vai irritar os
militares. "Os militares são altamente disciplinados", disse.
No domingo passado, cerca de
700 familiares de militares promoveram um protesto por reajustes salariais em Brasília.
Civis
Mantega disse ontem que o governo não se move pela greve ou
pela possibilidade de ela acontecer. Segundo ele, as categorias civis que não estavam em greve
conseguiram aumentos maiores
entre os anunciados nesta semana. Alguns exemplos são os funcionários do PCC (Plano de Cargos e Carreira) e os técnicos das
universidades.
Do total de 1,4 milhão de servidores civis, o governo atingiu
905.848 com os reajustes acima da
inflação divulgados anteontem.
Outros 150 mil servidores estão
fazendo ou já fizeram negociações em separado. Esse é o caso da
Polícia Federal, do Banco Central
e da Receita Federal, entre outros
órgãos. Esses servidores, porém,
devem votar se vão ou não entrar
em greve no dia 18.
Cerca de 200 mil servidores do
Legislativo e do Judiciário têm
planos específicos de reajuste. Os
50 mil restantes pertencem a órgãos ou categorias que ainda não
fizeram reivindicações ao governo. São servidores do Hospital
das Forças Armadas, da área de
tecnologia militar, diplomatas e
funcionários do tráfego aéreo.
José Domingues, da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior),
disse que os servidores não têm
certeza de que os aumentos anunciados pelo governo vão se concretizar porque eles estão sendo
calculados sobre gratificações que
são variáveis.
Além disso, o governo teria ampliado as distorções entre as carreiras ao fazer reajustes diferenciados. A questão da isonomia entre ativos e aposentados, uma das
reivindicações dos servidores, foi
concedida apenas à categoria dos
técnicos de universidades.
Domingues explicou que os servidores não querem os 127,3% de
aumento de uma vez, mas uma
política de recomposição dessas
perdas. O primeiro passo seria a
incorporação das gratificações
atuais aos salários.
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