São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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MÁQUINA PÚBLICA

"Não tem discussão", disse Mantega antes de falar com ministro da Defesa; depois, afirmou que ia estudar a proposta

Viegas cobra aumento para os militares

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Viegas (Defesa) pediu ontem ao colega Guido Mantega (Planejamento) reajuste salarial para os 330 mil militares que estão sem aumento desde 2000 e mais dinheiro para reaparelhar as Forças Armadas. Saiu com a promessa de que a proposta será "estudada" em um prazo ainda indefinido.
Anteontem, para evitar uma greve geral do funcionalismo, o governo melhorou a proposta de reajuste. Agora, 905.848 ativos e aposentados terão aumentos acima da inflação acumulada em 2003, de 9,3% pelo IPCA.
Outras categorias ainda estão negociando em separado o reajuste. É o caso dos militares, que não entraram nos aumentos salariais anunciados anteontem.
Mantega chegou ao local da reunião de ontem antes de Viegas e disse que a conversa não seria sobre reajustes porque não existem recursos no Orçamento: "Não tem discussão para os militares".
Viegas explicou que apresentou algumas sugestões de reajuste e de aumento do orçamento das Forças Armadas. Mas, segundo ele, Mantega pediu que os números não fossem divulgados porque isso poderia criar uma expectativa entre os militares.
"É uma soma considerável e temos que ter cuidado para dimensionar o impacto no Orçamento da União", disse Viegas.
Segundo ele, a falta de uma sinalização sobre a política salarial das Forças Armadas não vai irritar os militares. "Os militares são altamente disciplinados", disse.
No domingo passado, cerca de 700 familiares de militares promoveram um protesto por reajustes salariais em Brasília.

Civis
Mantega disse ontem que o governo não se move pela greve ou pela possibilidade de ela acontecer. Segundo ele, as categorias civis que não estavam em greve conseguiram aumentos maiores entre os anunciados nesta semana. Alguns exemplos são os funcionários do PCC (Plano de Cargos e Carreira) e os técnicos das universidades.
Do total de 1,4 milhão de servidores civis, o governo atingiu 905.848 com os reajustes acima da inflação divulgados anteontem. Outros 150 mil servidores estão fazendo ou já fizeram negociações em separado. Esse é o caso da Polícia Federal, do Banco Central e da Receita Federal, entre outros órgãos. Esses servidores, porém, devem votar se vão ou não entrar em greve no dia 18.
Cerca de 200 mil servidores do Legislativo e do Judiciário têm planos específicos de reajuste. Os 50 mil restantes pertencem a órgãos ou categorias que ainda não fizeram reivindicações ao governo. São servidores do Hospital das Forças Armadas, da área de tecnologia militar, diplomatas e funcionários do tráfego aéreo.
José Domingues, da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), disse que os servidores não têm certeza de que os aumentos anunciados pelo governo vão se concretizar porque eles estão sendo calculados sobre gratificações que são variáveis.
Além disso, o governo teria ampliado as distorções entre as carreiras ao fazer reajustes diferenciados. A questão da isonomia entre ativos e aposentados, uma das reivindicações dos servidores, foi concedida apenas à categoria dos técnicos de universidades.
Domingues explicou que os servidores não querem os 127,3% de aumento de uma vez, mas uma política de recomposição dessas perdas. O primeiro passo seria a incorporação das gratificações atuais aos salários.


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