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Marka teria prejuízo, diz presidente
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O presidente do banco Marka,
Alberto Cacciola, disse ontem à
Folha que a perda adicional da instituição caso o Banco Central não
lhe tivesse vendido dólares abaixo
da cotação máxima do dia 14 de janeiro (R$ 1,32) teria sido de R$ 35
milhões. O BC, segundo ele, vendeu os dólares ao Marka pela cotação de R$ 1,275.
Cacciola disse que o Marka não
foi favorecido pelo BC e que o banco fechou suas operações com
uma perda total de R$ 110 milhões.
Segundo ele, o Marka foi forçado a
recorrer ao BC diretamente para
acertar suas contas no mercado futuro, no dia 14 de janeiro, porque
não havia oferta de dólares no
mercado.
Essa foi a mesma versão do episódio defendida pelo presidente
do BC na época, Francisco Lopes,
em entrevistas nesta semana. "A
verdade dos fatos é o que Francisco Lopes relatou", disse o presidente do banco.
"Não existiu socorro. O que
acontece é que vocês (os jornalistas) não dominam tudo que ocorre
na economia e no mercado. O que
aconteceu foi que o BC viabilizou
uma operação. O Marka precisava
zerar sua posição (fechar as contas
do dia no mercado futuro) e não tinha alternativa no mercado", afirmou.
Cacciola disse que, quando o BC
negociou com o Marka, que tinha
aplicações totais no valor de R$ 1
bilhão, e com o banco FonteCindam -a quem o BC teria vendido
dólares a R$ 1,32, o teto da banda
cambial-, a posição do governo
ainda era a de defender o regime
de bandas para o câmbio.
O presidente do Marka disse que
está havendo também incompreensão quanto à diferença entre
as contas do banco e as dos cotistas
dos fundos de investimentos que
ele administrava.
Segundo ele, os dólares comprado no Banco Central foram para
ajudar no fechamento das posições dos bancos com seus clientes,
pessoas físicas e jurídicas.
Cacciola afirmou que apenas os
CDBs (Certificados de Depósitos
Bancários) do banco que estavam
em poder de dirigentes do Marka e
de empresas coligadas e subsidiárias do banco perderam o valor e,
por determinação do BC, foram
resgatados pelo valor simbólico de
R$ 0,10.
Essas aplicações, que incluiriam
as pessoais do próprio Cacciola,
somavam um total de R$ 30 milhões, de acordo com o presidente
do banco.
Em relação aos cotistas dos fundos, Cacciola disse que todos eles
sabiam estar aplicando em papéis
de alto risco e que não têm agora
motivos para reclamar.
Os cotistas dos fundos de derivativos plus perderam 95% do valor
das aplicações. "Mas quem estava
aplicado em dólar ganhou mais de
50%, e ninguém fala nisso."
Lucro em fevereiro
Cacciola disse que o lucro de R$
18,3 milhões que aparece no balancete do banco de fevereiro, revelado ontem pela Folha, é decorrente
de um erro de um funcionário da
contabilidade do campo, que teria
colocado no sistema do Banco
Central um disquete com números
referentes apenas ao lucro de um
tipo de operação (conhecida como
swap), sem fazer a "conciliação"
do lucro com o prejuízo.
Ele afirmou que o disquete seria
trocado ainda ontem. "Como pode
haver lucro, se o banco quebrou?".
Cacciola também isentou diretores do Marka da acusação de terem
retirado dinheiro das suas aplicações pessoais antes da queda do
real.
Segundo ele, o diretor Francisco
de Assis Moura de Mello resgatou
R$ 2 milhões no dia 14 de janeiro,
já com o dólar a R$ 1,34, quando o
teto da banda estava em R$ 1,32.
Naquele dia, segundo ele, foram
feitos todos os resgates pedidos no
dia 13, conforme a regra do mercado, num total de R$ 28 milhões,
sendo R$ 3 milhões de dirigentes
do Marka, incluindo a parte de
Moura.
Cacciola disse também que só
negociou com o segundo escalão
da Diretoria de Fiscalização do BC
e que nunca se encontrou com
Francisco Lopes, ao contrário do
que disse à revista "IstoÉ Dinheiro" a ex-secretária do Marka Sandra Cupello.
O presidente do Marka telefonou
para a Sucursal da Folha do Rio e
disse que estava falando do seu escritório na cidade, negando ter viajado para o exterior -como havia
sido informado anteontem.
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