da Sucursal de Brasília


O Banco Central pretende divulgar até amanhã um documento no qual pretende responder a todas as dúvidas na operação de socorro aos bancos Marka e FonteCindam e, assim, atenuar a repercussão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado que deverá investigar o sistema financeiro.
A idéia é divulgar o relatório e enviá-lo ao Congresso no mesmo dia. As respostas estão sendo preparadas por Receita Federal, Banco do Brasil e BC, que ficará responsável pelo texto final.
O Banco do Brasil responderá a questões sobre sua atuação no mercado futuro, no qual vendeu dólares em nome do BC.
A Receita Federal preparou informações sobre a situação fiscal de várias instituições financeiras.
O relatório deverá ter como subtítulo "Esclarecimentos à População" e sustentará que as operações de venda de dólares aos dois bancos foram legais e necessárias.
O BC divulgou ontem uma carta da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) com a qual procura mostrar que ajudou o Marka e o FonteCindam para evitar uma crise no sistema financeiro após a mudança no câmbio, em janeiro.
O documento é assinado pelo superintendente-geral da BM&F, Dorival Rodrigues Alves, e sugere ao BC a adoção de medidas que permitissem aos bancos liquidar operações de venda de dólar no mercado futuro.
"Essa sugestão tem por base a preocupação desta Bolsa em relação a uma crise sistêmica que atingirá o mercado como um todo, caso não haja a adoção de mecanismos que possibilitem aos comitentes a reversão de suas posições."
Segundo o documento, a ação do BC tornava-se necessária "em face da rigidez em que esses mercados se encontram".
O BC divulgou a carta da BM&F como forma de justificar a venda de dólar barato ao Marka e ao FonteCindam.
No caso do Marka, o BC vendeu dólares, no dia 14 de janeiro, pela cotação de R$ 1,27. Com o FonteCindam, a cotação usada foi o teto daquele dia, R$ 1,32.
O Marka acabou deixando o mercado dias depois, em 3 de fevereiro. Já o FonteCindam teve o seu controle vendido ao BNP (Banque Nationale de Paris) em março.
O BC procura sustentar que arcou com um prejuízo para evitar uma crise generalizada. Também procura mostrar que a própria BM&F sugeriu a liquidação das posições daqueles dois bancos.
A carta, entretanto, emprega termos genéricos e não se refere diretamente ao Marka e ao FonteCindam. O documento não esclarece também se a rigidez que o mercado vivia após a desvalorização do real era decorrente da quebra de bancos ou de problemas conjunturais de falta de dinheiro em caixa.


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