São Paulo, Quinta-feira, 08 de Abril de 1999
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CHOQUE ENTRE PODERES
Comissão dos bancos não tinha presidente e relator até a noite; a do Judiciário será instalada hoje
Partidos indicam componentes de CPIs

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília


Os partidos governistas completaram ontem a lista dos integrantes das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) do Poder Judiciário e dos Bancos. A CPI do Poder Judiciário será instalada hoje às 10h.
O PSDB só conseguiu completar a lista de indicados para a CPI do sistema financeiro às 19h20. Os três partidos (PMDB, PFL e PSDB) tiveram muita dificuldade em convencer senadores a participarem das CPIs, principalmente da encarregada de investigar os bancos.
O relator da CPI que vai apurar irregularidades no Judiciário será o ex-governador da Bahia Paulo Souto (PFL), homem da confiança do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), mentor da comissão.
O presidente será Ramez Tebet (PMDB-MS), advogado, ex-promotor de Justiça (1961/64) e ex-relator da Comissão Mista que examinou o Orçamento para 1999.
FHC disse esperar bom senso e equilíbrio da CPI do Judiciário. "Não há razão para temer uma crise institucional no Judiciário se a CPI se ativer, como espera o presidente, ao mandato constitucional. O presidente confia que haverá bom senso e equilíbrio de todos os lados e que, assim sendo, a CPI pode contribuir para o debate oportuno sobre a reforma do Judiciário", disse o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) fez uma defesa indireta da CPI ao dizer ontem que "o Poder da República que se oculta não pode ser considerado legítimo". Associações de juízes tem demonstrado resistência a uma eventual convocação para depor.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que ontem visitou o STF, também descartou risco de crise institucional. "A CPI saberá circunscrever-se a fatos determinados e será encaminhada com muita moderação."

Indefinição
Até as 19h30, o presidente e o relator da CPI do sistema financeiro não haviam sido definidos. O presidente do PMDB e líder da bancada do partido, senador Jader Barbalho (PA), ainda não havia conseguido convencer seu candidato ao cargo de relator, Fernando Bezerra (PMDB-RN), a aceitar a função.
Além de presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Bezerra preside a CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Por falta de nomes fortes com poder para controlar as investigações, o PFL abriu mão da presidência da CPI dos Bancos, cargo ao qual teria direito pelo acordo com o PMDB. Ofereceu-o ao PSDB, que relutou em aceitar e até a noite ainda não havia escolhido o titular.


Colaboraram Silvana de Freitas e William França, da Sucursal de Brasília


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