São Paulo, Quinta-feira, 08 de Abril de 1999
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China expressa desagrado

RICARDO MIRANDA
da Sucursal de Brasília

O encontro do presidente Fernando Henrique Cardoso com o líder espiritual do budismo tibetano, o 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, causou surpresa e desagradou ao governo chinês.
A Embaixada da China, que soube pela imprensa do encontro, prepara um relatório para o governo de seu país sobre o fato. Até a noite, a embaixada não havia decidido se divulgaria nota ou faria pronunciamento oficial.
O 3º secretário da Embaixada da China, Zhu Qing Qiao, disse à Folha que o Itamaraty conhece a posição do governo chinês contra qualquer contato de autoridades brasileiras com o Dalai Lama. "Nós já manifestamos ao Itamaraty nossa posição muito claramente, a nossa oposição a qualquer encontro oficial de autoridade brasileira com o Dalai Lama", disse Qiao.
"A China se opõe firmemente a qualquer encontro oficial (com autoridades brasileiras)", completou o secretário.
O Itamaraty vinha aconselhando FHC e seus ministros a não receber o Dalai Lama para não causar um problema diplomático com a China, país que domina o povo tibetano e acabou por forçar o exílio do seu líder.
A China mantém o Tibete sob seu domínio desde 1950. O Dalai Lama está exilado desde 1959.

Não oficial
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, chegou a afirmar anteontem que FHC não receberia o Dalai Lama.
O Itamaraty informou que o encontro não foi oficial, mas sim uma "ocasião social na casa do senador Antonio Carlos Magalhães" e que o Dalai Lama foi recebido por FHC "na qualidade de líder espiritual", não tendo sido abordados "assuntos de Estado".
A Embaixada da China, no entanto, não considera que o fato de o encontro ter ocorrido na casa do presidente do Senado atenue o ocorrido.
"De qualquer maneira é a figura do presidente da República. E o Dalai Lama é o Dalai Lama. Ele não é simplesmente uma figura religiosa, é um político separatista. É um líder religioso, mas também um político que, a pretexto da religião, está tentando separar o Tibete da China", disse Zhu Qing Qiao.


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