São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2001

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ROMBO TRANSAMAZÔNICO

Aterro é próximo a condomínio de família do ministro

Recurso para flagelados foi liberado para obra em Natal

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Recursos do fundo de emergência da Defesa Civil, voltados para ações de socorro a flagelados da seca ou a vítimas de enchentes e gerenciados pelo Ministério da Integração Nacional, foram liberados para a obra de aterramento e embelezamento da praia de Areia Preta, em Natal (RN). Ao lado da praia fica o condomínio fechado que está sendo construído pela Ecocil, empreiteira da família do ministro Fernando Bezerra.
A obra teve R$ 4,187 milhões liberados em 1999 para a Prefeitura de Natal, dentro do Programa de Prevenção de Desastres. Os dados constam do Siafi (sistema de acompanhamento da execução financeira da União).
Apesar da verba ter sido liberada, a obra, orçada em R$ 6 milhões, não foi executada e o dinheiro está parado no Banco do Brasil, devido à ação civil pública por problemas ambientais. Só agora a prefeitura obteve liminar no TRF (Tribunal Regional Federal) para poder tocar a obra.
Em junho do ano passado, a prefeitura contratou sem licitação a empresa EIT, que tem como sócia a família do deputado Múcio Sá (PMDB-RN), amigo e correligionário de Bezerra e que foi o relator da CPI do Finor -que investigou os contratos da extinta Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), sendo um deles o da Metasa, que pertenceu ao ministro.
A justificativa para a contratação foram as fortes chuvas que levaram à decretação estado de calamidade pública na cidade. Assim, foi dado caráter emergencial à obra, que busca barrar o avanço do mar que ameaça um calçadão que margeia a orla sul da praia. Além do tapete de areia sobre as pedras que dão nome à praia, seria feito um terceiro muro de contenção para tentar afastar o mar.

Outro lado
Ontem, Bezerra se recusou a comentar o assunto. O assessor de imprensa dele, Marcelo Tognosi, disse que o caso era com a prefeita de Natal, Wilma Maria de Faria (PSB), uma vez que o ministro "não é gestor de recursos".
O assessor disse que a liberação dos recursos não poderia ser encarado como benesse pessoal.


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