São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2001

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Ex-tucano diz que está "arrependido"

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) prepara um memorial para tentar convencer os senadores de que a pena de cassação é rigorosa demais para puni-lo por seu envolvimento na violação do painel eletrônico do Senado. Em entrevista, disse que está conseguindo retomar seu "equilíbrio interno" e fez críticas indiretas ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Arruda disse estar ""arrependido". ""Eu não faria igual. Fiz em nome do então presidente do Senado [ACM" e, se ele agora nega, nunca mais faria nada em nome dele. Segundo, eu seria mais cauteloso na consulta à Regina Borges [ex-diretora do Prodasen"."
O foco da defesa de Arruda é a ""desproporção" da pena defendida por boa parte de senadores e opinião pública (perda do mandato). Ele compara uma eventual cassação à pena de morte, ""ao menos política", já que ficaria inelegível por oito anos após 2003.
""Não estamos sendo acusados de roubar ou de desviar recursos públicos. No máximo, cometemos uma infração regimental. Se você quer punir com pena máxima um erro menor, como vai punir um erro maior? É uma questão de dosimetria da pena. (...) Nos regimes totalitários é que a pena é sempre máxima, independentemente do crime", argumentou.
Ele tentou minimizar a impressão da lista com o resultado da votação que cassou Luiz Estevão (PMDB-DF) com a divulgação de documentos sigilosos por parlamentares durante uma CPI, por exemplo. Pela Constituição, a votação de perda de mandato tem de ser secreta. ""Muitas pessoas achavam que questões sigilosas no Congresso eram ungidas pelo Espírito Santo. E não são."
Arruda apelou para que o fato de ter confessado sua participação no episódio do painel seja considerado um atenuante, mesmo tendo feito um discurso anteriormente negando tudo. Ele lembrou que Regina foi elogiada quando confessou: ""Por que não mereço esse mesmo louvor?".
Do contrário, segundo ele, a tese que estaria prevalecendo é que, se a pessoa mentiu uma vez, tem de continuar mentindo. Arruda demonstrou confiança num julgamento menos rigoroso. E considerou ""legítimo" que ACM pague pela divulgação de publicidade para se defender. ""Antonio Carlos é mais experiente, tem mais força política. Acho legítimo que aja assim. Eu não tenho recursos."


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