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Empresário não confirma suspeita contra Jader
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O empresário Eneuses Afonso
Pereira negou ontem, durante depoimento na Polícia Federal, em
Palmas, que tivesse ouvido Romildo Onofre Soares revelar que
10% dos financiamentos da Sudam fossem destinados ao presidente do Senado, Jader Barbalho
(PMDB-PA).
Pereira apenas confirmou ao
delegado Hélbio Dias Leite que se
encontrou com Romildo em 1999
no supermercado Kaçula, em Paraíso do Tocantins, mas disse que
trataram apenas de assuntos comerciais.
Romildo é irmão do ex-vice-prefeito de Altamira (PA) José
Soares Sobrinho e aliado político
do presidente do Senado.
Também é procurador das empresas Frango Líder, Paraíso
Agroindustrial e Refrigerantes
Xuí, instaladas em Paraíso do Tocantins, a 60 quilômetros de Palmas, e denunciadas por fraude
pelo Ministério Público Federal.
Paralisação
Todos os empreendimentos estão paralisados e já consumiram
R$ 2 milhões dos R$ 14,6 milhões
previstos no contrato para serem
liberados pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento
da Amazônia).
A possibilidade de formação de
caixa para campanha com dinheiro da Sudam foi cogitada na segunda-feira passada após entrevista da chefe da Secretaria da Fazenda em Paraíso do Tocantins, a
coletora Eliana Pereira. Ela disse
que Romildo alardeava que parte
do dinheiro da Sudam ia para Jader Barbalho.
Na última sexta-feira, ao prestar
depoimento, ela apenas confirmou que Romildo disse ter gasto
R$ 600 mil, mas não citou Jader.
Em entrevista coletiva gravada,
concedida no dia 30, quando
questionada se Romildo falava
como tocava os seus projetos, ela
respondeu: "Ele falou que dava
10% do valor para o Jader Barbalho. Ele nunca escondeu isso de
ninguém. Ele falava para o pessoal
da cidade".
Após a publicação da reportagem, Jader interpelou Eliana judicialmente. Se ela reafirmasse essas
declarações em juízo, Jader pretendia processá-la por calúnia. À
PF, Eliana nada disse sobre Jader.
PMDB
O vice-presidente nacional do
PMDB, senador Maguito Vilela
(GO), disse ontem em Belo Horizonte (MG) que está reunindo assinaturas para convocar o Conselho e a Executiva nacionais do
PMDB e propor a saída de Jader
Barbalho da presidência nacional
da legenda.
Vilela disse acreditar que Jader
vai renunciar antes de a cúpula do
partido se reunir, já que o estatuto
do PMDB não prevê o acúmulo
dos dois cargos. "A palavra é o
maior bem do político e ele prometeu abandonar a presidência
do PMDB caso vencesse a eleição
do Senado", declarou.
Para tratar do assunto, Vilela
reuniu-se ontem com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), que também defende
o afastamento de Jader e já entrou
com ação contra Jader na Justiça
Eleitoral.
A posição de Jader é frágil pois
ele é alvo de várias acusações de
envolvimento em corrupção, notadamente o caso Banpará e as irregularidades na Sudam. A grande motivação de Itamar e Vilela,
porém, é o fato de o senador paraense representar um empecilho
ao lançamento, pelo PMDB, de
candidatura própria à Presidência
da República em 2002.
Itamar já declarou que é pré-candidato, caso de o PMDB decida lançar candidatura própria, e
Vilela é um ferrenho defensor da
tese, tendo demonstrado apreço
pelo nome de Itamar.
Segundo o vice-presidente da
legenda, até o final da semana ele
e outros correligionários esperam
reunir as assinaturas necessárias
para a convocação de uma reunião da cúpula do partido (são necessárias as assinaturas de um terço do Conselho e da Executiva).
Maguito disse ainda que fará,
nos próximos dias, um pronunciamento na tribuna do Senado
apontando as "razões" pelas
quais Jader não estaria querendo
lhe passar a presidência do
PMDB.
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