São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2001

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Empresário não confirma suspeita contra Jader

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O empresário Eneuses Afonso Pereira negou ontem, durante depoimento na Polícia Federal, em Palmas, que tivesse ouvido Romildo Onofre Soares revelar que 10% dos financiamentos da Sudam fossem destinados ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).
Pereira apenas confirmou ao delegado Hélbio Dias Leite que se encontrou com Romildo em 1999 no supermercado Kaçula, em Paraíso do Tocantins, mas disse que trataram apenas de assuntos comerciais.
Romildo é irmão do ex-vice-prefeito de Altamira (PA) José Soares Sobrinho e aliado político do presidente do Senado.
Também é procurador das empresas Frango Líder, Paraíso Agroindustrial e Refrigerantes Xuí, instaladas em Paraíso do Tocantins, a 60 quilômetros de Palmas, e denunciadas por fraude pelo Ministério Público Federal.

Paralisação
Todos os empreendimentos estão paralisados e já consumiram R$ 2 milhões dos R$ 14,6 milhões previstos no contrato para serem liberados pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
A possibilidade de formação de caixa para campanha com dinheiro da Sudam foi cogitada na segunda-feira passada após entrevista da chefe da Secretaria da Fazenda em Paraíso do Tocantins, a coletora Eliana Pereira. Ela disse que Romildo alardeava que parte do dinheiro da Sudam ia para Jader Barbalho.
Na última sexta-feira, ao prestar depoimento, ela apenas confirmou que Romildo disse ter gasto R$ 600 mil, mas não citou Jader.
Em entrevista coletiva gravada, concedida no dia 30, quando questionada se Romildo falava como tocava os seus projetos, ela respondeu: "Ele falou que dava 10% do valor para o Jader Barbalho. Ele nunca escondeu isso de ninguém. Ele falava para o pessoal da cidade".
Após a publicação da reportagem, Jader interpelou Eliana judicialmente. Se ela reafirmasse essas declarações em juízo, Jader pretendia processá-la por calúnia. À PF, Eliana nada disse sobre Jader.

PMDB
O vice-presidente nacional do PMDB, senador Maguito Vilela (GO), disse ontem em Belo Horizonte (MG) que está reunindo assinaturas para convocar o Conselho e a Executiva nacionais do PMDB e propor a saída de Jader Barbalho da presidência nacional da legenda.
Vilela disse acreditar que Jader vai renunciar antes de a cúpula do partido se reunir, já que o estatuto do PMDB não prevê o acúmulo dos dois cargos. "A palavra é o maior bem do político e ele prometeu abandonar a presidência do PMDB caso vencesse a eleição do Senado", declarou.
Para tratar do assunto, Vilela reuniu-se ontem com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), que também defende o afastamento de Jader e já entrou com ação contra Jader na Justiça Eleitoral.
A posição de Jader é frágil pois ele é alvo de várias acusações de envolvimento em corrupção, notadamente o caso Banpará e as irregularidades na Sudam. A grande motivação de Itamar e Vilela, porém, é o fato de o senador paraense representar um empecilho ao lançamento, pelo PMDB, de candidatura própria à Presidência da República em 2002.
Itamar já declarou que é pré-candidato, caso de o PMDB decida lançar candidatura própria, e Vilela é um ferrenho defensor da tese, tendo demonstrado apreço pelo nome de Itamar.
Segundo o vice-presidente da legenda, até o final da semana ele e outros correligionários esperam reunir as assinaturas necessárias para a convocação de uma reunião da cúpula do partido (são necessárias as assinaturas de um terço do Conselho e da Executiva).
Maguito disse ainda que fará, nos próximos dias, um pronunciamento na tribuna do Senado apontando as "razões" pelas quais Jader não estaria querendo lhe passar a presidência do PMDB.


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