São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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Querem matar os velhos, diz sindicato

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"É a operação mata-o-velho." Assim reagiu o presidente da Anapi (Associação Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), Antônio Carlos Domingues da Costa, à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desvincular os benefícios da Previdência do salário mínimo.
Exaltado, o presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), João Resende Lima, foi além: "Se ele partir para isso, vai haver espingarda neste Brasil todinho e vai morrer muita gente. É guerra mesmo. Podemos até fechar o Congresso. Eu não acredito que o Exército e a polícia venham matar velhos de 90 anos".
"Isso é mais um meio de roubar dinheiro dos aposentados. A gente fica surpreso e preocupado", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, João Batista Inocentini. "A Força nunca aceitará isso."
Domingues, Lima e Inocentini negociam com o Ministério da Previdência o acordo para o pagamento da dívida de R$ 12,3 bilhões que o governo tem com os aposentados.
"Essa questão da desvinculação é irreal. Eu não posso admitir do presidente Lula e do partido que está à frente do país anunciar isso", criticou Domingues.
Os líderes dos aposentados também ficaram irritados com as idas e vindas do governo na negociação do acordo.
Até quinta-feira, a previsão era que o acerto fosse anunciado pelo presidente na segunda-feira. Em uma reunião no Palácio do Planalto na noite de quinta, o Ministério da Fazenda pediu mais tempo para encontrar a fonte de recursos para o pagamento da dívida, adiando por pelo menos uma semana o anúncio do acordo.
Na manhã de ontem, em novo encontro com o ministro da Previdência, Amir Lando, os líderes dos aposentados ficaram sabendo do recuo do governo.
"O governo tem que ter responsabilidade com os aposentados, porque nós ajudamos a construir este Brasil. Não podemos ser tratados como casca de laranja e sermos jogados no lixo. Queremos respeito e dignidade", afirmou Inocentini na saída da reunião com Lando.
Para Lima, se o governo não cumprir novamente o prazo para o fechamento do acordo, haverá reação dos aposentados: "Vamos para a briga. Vamos invadir o palácio do Lula, a Câmara e o Senado. Só precisamos de recursos para trazer os 22 milhões de aposentados para Brasília". (JS)


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