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Querem matar os velhos, diz sindicato
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"É a operação mata-o-velho."
Assim reagiu o presidente da
Anapi (Associação Nacional dos
Aposentados, Pensionistas e Idosos), Antônio Carlos Domingues
da Costa, à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de desvincular os benefícios da Previdência do salário mínimo.
Exaltado, o presidente da Cobap (Confederação Brasileira de
Aposentados e Pensionistas),
João Resende Lima, foi além: "Se
ele partir para isso, vai haver espingarda neste Brasil todinho e
vai morrer muita gente. É guerra
mesmo. Podemos até fechar o
Congresso. Eu não acredito que o
Exército e a polícia venham matar
velhos de 90 anos".
"Isso é mais um meio de roubar
dinheiro dos aposentados. A gente fica surpreso e preocupado",
afirmou o presidente do Sindicato
Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, João
Batista Inocentini. "A Força nunca aceitará isso."
Domingues, Lima e Inocentini
negociam com o Ministério da
Previdência o acordo para o pagamento da dívida de R$ 12,3 bilhões que o governo tem com os
aposentados.
"Essa questão da desvinculação
é irreal. Eu não posso admitir do
presidente Lula e do partido que
está à frente do país anunciar isso", criticou Domingues.
Os líderes dos aposentados
também ficaram irritados com as
idas e vindas do governo na negociação do acordo.
Até quinta-feira, a previsão era
que o acerto fosse anunciado pelo
presidente na segunda-feira. Em
uma reunião no Palácio do Planalto na noite de quinta, o Ministério da Fazenda pediu mais tempo para encontrar a fonte de recursos para o pagamento da dívida, adiando por pelo menos uma
semana o anúncio do acordo.
Na manhã de ontem, em novo
encontro com o ministro da Previdência, Amir Lando, os líderes
dos aposentados ficaram sabendo
do recuo do governo.
"O governo tem que ter responsabilidade com os aposentados,
porque nós ajudamos a construir
este Brasil. Não podemos ser tratados como casca de laranja e sermos jogados no lixo. Queremos
respeito e dignidade", afirmou
Inocentini na saída da reunião
com Lando.
Para Lima, se o governo não
cumprir novamente o prazo para
o fechamento do acordo, haverá
reação dos aposentados: "Vamos
para a briga. Vamos invadir o palácio do Lula, a Câmara e o Senado. Só precisamos de recursos para trazer os 22 milhões de aposentados para Brasília".
(JS)
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