DA FOLHA RIBEIRÃO

A prévia que será realizada hoje no PT de Ribeirão Preto (314 km de SP) para definir o candidato a prefeito pela legenda vai opor indiretamente o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, à sua mãe, Toninha Palocci. O ministro e a mãe apóiam chapas distintas na eleição de delegados, que definirão o programa de governo, o candidato a vice-prefeito e a estratégia de alianças do PT.
Pela primeira vez após 12 anos o PT votará dividido em cinco chapas, duas delas governistas, para definir o candidato a prefeito. O atual prefeito, Gilberto Maggioni, favorito na disputa e apoiado por Palocci, enfrenta a biomédica Marta Cristina Rodrigues Silva.
Uma das chapas do governo é liderada pelo atual secretário de Governo, Donizeti Rosa, homem de confiança de Maggioni e Palocci e, até agora, peça-chave nas discussões eleitorais do partido.
A outra é encabeçada pelo antecessor no cargo, Newton Mendes Garcia, demitido por Maggioni no início do ano e que tem apoio da mãe de Palocci, que integra e concorre à delegada pela chapa.
Se o grupo de Rosa obtiver a maioria, a legenda deve ampliar as alianças, até cedendo a vaga de vice a outros partidos. Já o grupo de Garcia prega o lançamento de uma "chapa puro sangue".
A última prévia do partido para indicar um prefeito foi em 92, quando Ary Blinder, da então corrente de esquerda Convergência Socialista, perdeu a indicação para o hoje ministro da Fazenda, à época vereador.
A indefinição do perfil dos delegados petistas que indicarão o rumo do partido vem atrasando a definição das alianças.
Caso o grupo de Rosa não ganhe, o PT pode perder aliados com quem negocia hoje, como PL e PPS. O PTB é outro partido que pode integrar a chapa, mas os contatos estão ocorrendo em nível federal.
Toninha afirma, entretanto, que não está fechada com Garcia sobre o fato de o vice ser ou não do partido. "Eu acho que a gente não tem que dividir, mas somar. Ninguém governa sozinho. Eu nunca vou aceitar que não se façam alianças com todos os partidos. Claro, com alguns critérios."
Cuidadosa com as palavras, a mãe do ministro também afirmou estar descontente com o partido. "As coisas nunca estão totalmente boas. O homem é um ser insatisfeito. Se não fosse assim, não ocorriam mudanças", disse.
Toninha não quis comentar sobre o possível descontentamento do prefeito Gilberto Maggioni com as declarações de Palocci em entrevista a um programa de TV local, na qual o ministro disse que "torceria muito" pelo seu sucessor, mas indicando que não tomaria partido na sucessão.
Segundo a Folha apurou, Maggioni ficou irritado com a posição de Palocci. Líderes do PT de Ribeirão chegaram a ligar para o ministro para manifestar o descontentamento e cobrar uma postura mais partidária.
Maggioni foi procurado, por meio de sua assessoria de imprensa, para comentar o assunto, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.


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