São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

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JUVENTUDE ENCARCERADA

Alckmin anuncia que presidente da Febem só vai ficar até o dia 2

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio a uma crise grave na Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de São Paulo, o presidente da instituição, Alexandre de Moraes (PFL), já tem data certa para deixar o cargo: dia 2 de junho. O anúncio foi feito ontem pela manhã pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Moraes, que acumula a Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, foi indicado pela Câmara dos Deputados na última quinta-feira para o Conselho Nacional de Justiça, órgão recém-criado para fiscalizar o Poder Judiciário. Ele deve assumir a nova função no próximo dia 2.
A sua saída do governo paulista foi decidida numa reunião anteontem entre o secretário e o governador. Apesar disso, em entrevista coletiva no mesmo dia, Moraes insistiu em negar que a questão já estivesse resolvida e disse que a decisão ficaria para o final do mês, depois de ele passar por uma sabatina no Senado.
A justificativa dada pelo governador foi a de que não é recomensem dizer que deixaria o cargo, Moraes disse que o acúmulo não seria incompatível nem imoral -se ficasse na presidência da Febem, ele iria fiscalizar, como conselheiro, o Poder Judiciário que, por sua vez, fiscaliza a atuação da fundação.
Alckmin disse que ainda não escolheu um novo nome para a secretaria e afirmou apenas que o próximo secretário não irá acumular a função de presidente da Febem.
O secretário vai deixar o cargo em meio a uma crise na Febem, que registrou 24 rebeliões só nos primeiros cinco meses deste ano, contra 28 em 2004. O número de fugitivos também é recorde: 987 internos escaparam das unidades da Febem em 2005 contra 933 em todo o ano passado.
A gestão de Moraes na presidência da Febem, que iniciou em agosto de 2004, também enfrentou denúncias de descontrole. Foi na gestão dele que a fundação registrou o primeiro caso confirmado de estupro. O descontrole, segundo o Ministério Público, ocorreu depois da demissão em massa de 1.751 funcionários em fevereiro deste ano com o objetivo de se livrar dos chamados espancadores. Segundo os promotores, os novos funcionários eram inexperientes, o que fez com que muitos internos tomassem o controle das unidades.
Alckmin também anunciou ontem, durante um evento no Hospital Vila Alpina, na zona leste de São Paulo, que será acelerado o processo de regionalização da Febem com o anúncio, na próxima semana, das 25 primeiras unidades. O governo também promete implantar um novo projeto pedagógico para a fundação.
Ontem, a reportagem entrou em contato com a assessoria de Alexandre de Moraes, que não retornou as ligações.


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