|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXPO 2000
Procurador avalia atas de reuniões para decidir influência de organizadores de pavilhão de Hannover em gastos
Comissão de feira pode ser processada
DANIELA NAHASS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Ministério Público Federal está estudando a possibilidade de
processar os membros do comissariado-geral do Brasil formado
para organizar e administrar o
pavilhão do Brasil na Expo 2000,
que está sendo realizada em Hannover, Alemanha. Entre os integrantes do comissariado está o filho do presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique
Cardoso.
O procurador Luiz Francisco
Fernandez de Souza requereu ao
Ministério das Relações Exteriores as atas das reuniões do comissariado realizadas desde julho de
1999, às quais a Folha teve acesso.
Nas reuniões, os membros do comissariado decidiram quais seriam as atrações do pavilhão do
Brasil em Hannover e chegaram a
discutir os gastos com a feira.
"Estou examinando até que
ponto os membros do comissariado foram responsáveis pelas
decisões tomadas a partir de um
contrato que foi firmado irregularmente", afirmou o procurador
Luiz Francisco.
Na reunião do comissariado do
dia 12 de janeiro, Paulo Henrique
Cardoso sugeriu que fosse construída uma churrascaria no pavilhão, o que foi inviável por falta de
espaço físico. "A idéia é vender a
carne do Brasil, o lobby da carne",
diz ele.
Em outro encontro, realizado
em 23 de fevereiro, o filho de FHC
defende a necessidade de viabilizar a liberação de passagens aéreas para para "executar o projeto
(da feira)".
Também foi discutida a elaboração de boletins e catálogos para
a divulgação da Expo 2000. Nessa
mesma reunião, ficou claro que o
comissariado também tinha poder de liberar recursos.
Na parte da ata em que o comissariado discutia a proposta de
agenda cultural da empresária
Myriam Dausberg está escrito:
"Quanto aos custos (cerca de R$ 3
milhões) propostos pela empresária, (a proposta) foi avaliada pelo comissariado como real e possível".
A diretora de teatro e cenógrafa
Bia Lessa participou de praticamente todas as reuniões do comissariado. Ela foi escolhida para
montar o pavilhão brasileiro por
"notória especialização". Na reunião do dia 14 de dezembro de
1999, o comissariado pediu a Bia
Lessa para preparar o orçamento
para a construção do interior do
estande.
Nessa mesma reunião, Bia Lessa
aprovou a proposta do Ministério
de Esporte e Turismo de dividir o
pavilhão brasileiro em estandes.
Além de Paulo Henrique -que
integra o grupo como vice-presidente do Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável- fazem parte do
comissariado o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, como
presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil; o ministro do Itamaraty Cesário Melantonio Neto; o conselheiro do
Itamaraty Josal Luiz Pellegrino, e
a ex-secretária-executiva do Ministério do Esporte e Turismo Teresa Castro.
A ação contra os membros do
comissariado seria impetrada na
Justiça paralelamente à ação que o
Ministério Público Federal pretende mover contra a Embratur
por ter entregado um contrato
sem licitação de R$ 13,7 milhões
para a empresa Artplan Prime para construir o estande do Brasil.
Ontem, o procurador descartou
a possibilidade de fazer um acordo com a Embratur para ressarcimento imediato de parte dos recursos gastos em Hannover aos
cofres públicos. "É quase certo
que não haverá acordo. Pela análise dos autos, está se configurando um caso de improbidade administrativa", afirmou.
A agência de publicidade é dirigida por Fernanda Bornhausen Sá
e Ricardo Dalcane Bornhausen,
respectivamente filha e sobrinho
do senador Jorge Bornhausen
(SC), presidente do PFL.
De acordo com o Luiz Francisco, a Artplan Prime foi contratada
pela Embratur como empresa de
publicidade e não poderia construir o pavilhão brasileiro.
Texto Anterior: Panorâmica: MST afirma que não vai deixar área invadida Próximo Texto: Não há nada irregular, diz conselheiro Índice
|