São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Ex-aliado de Yeda entrega fitas à Justiça

Advogado de Lair Ferst diz que gravações revelam que seu cliente alertou governo Yeda sobre fraudes

FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O empresário Lair Ferst, ex-aliado da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), entregou ontem à Justiça um CD com oito gravações de diálogos que manteve com o ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, morto em fevereiro deste ano.
Segundo o advogado de Ferst, Lúcio de Constantino, as conversas mostram seu cliente -que trabalhou na arrecadação da campanha da governadora em 2006- alertando o interlocutor sobre as supostas fraudes de R$ 40 milhões no Detran gaúcho, investigadas pela Operação Rodin. A ação foi deflagrada pela Polícia Federal em 2007 e já indiciou 44 pessoas.
As gravações foram entregues à juíza federal Simone Barbisan Fortes, que é responsável pelo julgamento da ação criminal sobre as fraudes no Detran, resultante da operação da PF e da qual Ferst é um dos 40 réus. A juíza também analisa a ação civil pública de improbidade administrativa proposta na quarta-feira pelo Ministério Público Federal contra Yeda e outras oito pessoas.
A defesa de Ferst quer que as gravações sejam anexadas como prova à ação criminal. O objetivo, segundo o advogado, é demonstrar que Ferst já havia tomado atitudes concretas para alertar as autoridades sobre as fraudes. "Tal providência não se coaduna com a de alguém que tenha praticado crime", disse o advogado.
Constantino definiu os documentos como "provas defensivas". Os áudios somam, no total, cerca de uma hora.
O advogado não citou quando as gravações foram feitas nem quais autoridades do governo são citadas nas conversas. Constantino justificou o envio das gravações à Justiça Federal em razão do futuro depoimento da governadora no processo criminal. Yeda Crusius foi arrolada como testemunha pelo ex-presidente do Detran-RS Flávio Vaz Netto.
O depoimento está marcado para 19 de agosto. O advogado de Vaz Netto, Paulo Moreira de Oliveira, disse que pretende dispensar o depoimento da governadora. Ele alega que, na condição de ré no processo por improbidade, Yeda está desobrigada de dizer a verdade.
O advogado de Ferst solicitou à juíza Simone que o processo criminal resultante da Operação Rodin seja transferido para o STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo ele, a ação de improbidade movida pelo Ministério Público Federal fere o princípio da indivisibilidade processual.
A governadora, por meio de seu porta-voz, disse que não pretende comentar o assunto.


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