São Paulo, Quarta-feira, 08 de Setembro de 1999
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PROTESTO
CNBB esperava 70 mil
"Grito" reúne 30 mil na basílica de Aparecida

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Pessoas mostram suas carteiras de trabalho em Aparecida


do enviado especial a Aparecida

da Reportagem Local

O "Grito dos Excluídos" reuniu cerca de 30 mil pessoas ontem em Aparecida (170 km de São Paulo). Os organizadores esperavam 70 mil no principal ato do "grito".
De acordo com a administração do Santuário Nacional de Aparecida, 80 mil pessoas estiveram ontem no local, mas 50 mil eram fiéis, e não participaram do ato.
Até o fechamento desta edição, a organização do ato tinha recebido dados de 79 das 1.300 cidades onde estavam previstas manifestações. Nesses locais, 182 mil pessoas compareceram ao ato. A previsão era reunir 1 milhão de pessoas em todo o Brasil.
Organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) em parceria com outras entidades como CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CMP (Central de Movimentos Populares), o "Grito dos Excluídos" é realizado desde 95 e tem por objetivo denunciar a exclusão social e cobrar providências do governo.
Embora seja um protesto apartidário, manifestantes levaram bandeiras de partidos de oposição como PT, PSTU e PDT. O presidente nacional do PT, José Dirceu, o deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ) e o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, foram, mas não discursaram.
A exemplo da "Marcha dos 100 Mil" a Brasília, realizada em agosto, os pedidos de afastamento do presidente Fernando Henrique Cardoso dividiram os manifestantes. "A manifestação não é pelo fora de ninguém, mas pela inclusão", disse d. Mauro Morelli, bispo de Duque de Caxias (RJ).
"É bom para o governo ver que há insatisfação. O presidente deve fazer uma leitura desses protestos", afirmou d. Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP). Segundo ele, os gritos de "Fora FHC" são iniciativa dos manifestantes, não da CNBB. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos distribuiu 5.000 bandeiras com a frase "Fora FHC e FMI".
Em São Paulo, o ato reuniu, na praça do monumento do Ipiranga, cerca de 4.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, e 5.000, conforme os organizadores.
O ato, que não teve a participação de lideranças políticas, terminou em empurra-empurra depois que manifestantes invadiram a área cercada para proteção do monumento à Independência e foram dispersados por homens da Guarda Civil Metropolitana.
Contrariando orientação da CNBB, os manifestantes foram estimulados por José Albino de Melo, diretor da CMP, a repetir a palavra de ordem ""Fora FHC".


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