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Votação não traz segurança sobre eleição de 2006
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
Os cerca de 18% de votos de Anthony Garotinho (PSB) em sua
primeira eleição presidencial, embora "surpreendentes", não lhe
garantem vantagem na disputa à
Presidência em 2006.
Para os cientistas políticos Renato Lessa, do Iuperj (Instituto
Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro), e Fábio
Wanderley Reis, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o perfil social restrito dos
eleitores do pessebista e a tendência ao fortalecimento dos partidos
no país limitam a possibilidade de
vôos solos maiores de Garotinho.
Já para o cientista político Alberto Almeida, da FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas), ele é um
"fortíssimo candidato" à Presidência em 2006. Seu sucesso dependeria de um possível governo
de Luiz Inácio Lula da Silva terminar mal avaliado e Garotinho surgir como alternativa de esquerda.
Garotinho, por ser populista e
ter base partidária frágil, é "o candidato menos adequado ao país
mais sofisticado politicamente"
que o Brasil vem se tornando, diz
Reis. Para o analista mineiro, "o
jogo político" tem se tornado
"mais estruturado, se referindo
mais aos partidos, ainda que o
grosso do eleitorado não tenha
orientação ideológica".
Reis diz que o espaço do pessebista é limitado mesmo no campo
da esquerda. "Se não tivéssemos
os contendores dele no campo
popular, um partido como o PT
com penetração, uma figura como Lula nesse partido, pode ser
que eventualmente uma figura
como o Garotinho tivesse um desempenho melhor."
"Ele não tem cacife para disputar uma eleição presidencial para
vencer, dada a restrição sociológica de sua base eleitoral", diz Lessa,
referindo-se aos evangélicos e às
pessoas "na periferia do debate
político brasileiro, com vínculo
precário com o mundo do trabalho". "É difícil pensar a entrada de
Garotinho num cenário urbano
mais organizado e politizado. Esse é um cenário em que o PT e o
PSDB têm hegemonia clara."
Alberto Almeida usa o PT para
contradizer Lessa e Reis. Para o
analista, os evangélicos estariam
eleitoralmente para Garotinho
como o PT para Lula. "É como o
Lula: ele tem como ponto de partida o PT, mas o discurso é mais
amplo." Almeida diz que Garotinho, para crescer, "depende de
um governo Lula não ir bem".
"A adesão dele [a um governo
do PT" vai sempre depender do
cálculo de como estará daqui a
quatro anos. Vai barganhar, mas,
dependendo de como for o governo, pode abandonar o barco. No
Rio, quando o PT deixou de ser
conveniente, ele entrou em conflito e tirou o partido do governo."
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