São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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Pesquisadora critica programa

DA SUCURSAL DO RIO

"O Infoseg é um escândalo." A opinião é de Suzana Lisboa, coordenadora do projeto do governo do Rio Grande do Sul de organizar um acervo histórico sobre movimentos por liberdades democráticas.
Para Suzana, as fichas de opositores do regime militar trazem algumas revelações: ""As autoridades dizem que os arquivos da ditadura não existem, mas é deles que saem informações que estão no Infoseg".
Ela afirma considerar a Lei da Anistia ""uma piada". Em 1979, a lei anistiou a maioria dos presos políticos, exilados e pessoas que tiveram os direitos políticos cassados após o regime militar instalado em 1964. Militares ligados à repressão também se consideraram anistiados.
""Artificialmente, a ditadura excetuou condenados por crimes de assalto, crimes de sangue. Mas na época não havia um só torturador citado, identificado. Eles se auto-anistiaram. Já os presos estão até hoje no Infoseg, sofrendo constrangimento como se fossem criminosos", afirmou.
""Talvez o coronel Rubens Bizerril possa explicar por que os nomes estão no sistema. Por que um homem da repressão orientaria os Estados para retirar os nomes?", disse Suzana. Bizerril, coordenador do Infoseg até anteontem, foi acusado por organizações de defesa dos direitos humanos de envolvimento numa morte por tortura em 1972.
A coordenadora do projeto histórico gaúcho, ao mesmo tempo em que condena a inclusão de fichas de presos políticos no Infoseg, diz temer que as informações possam ser eliminadas depois de retiradas do sistema. ""Para contar a história da repressão, é preciso guardar as fichas." (MM)


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