São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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RUMO A 2002

Para governador, o colega do Ceará tem mais apoio no Nordeste do que Serra e seria mais independente de FHC

Covas apóia Tasso para neutralizar Ciro

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Mário Covas, prefere o colega do Ceará, Tasso Jereissati, ao ministro da Saúde, José Serra, como candidato do PSDB à Presidência da República, em 2002, pelas seguintes razões:
1) No mínimo, constrangerá a candidatura do presidenciável Ciro Gomes (PPS). Tasso é amigo de Ciro, que ouviu pedido do pai para nunca brigar com Tasso.
Esse episódio pessoal pesará na decisão de Ciro, caso o cearense seja o candidato do PSDB.
No máximo, crê Covas, Tasso pode neutralizar Ciro ou até tirá-lo da corrida presidencial.
2) Segundo Covas, Tasso reúne mais apoio no Nordeste. Adversários do ministro da Saúde estimulam o carimbo de que ele é contra os nordestinos.
Tasso fecharia aliança com o PFL, podendo ter um nome da região Sul, o governador do Paraná, Jaime Lerner, como vice.
E, apesar de hoje o PMDB preferir Serra, caciques da sigla dizem que não há veto a Tasso.
3) O governador do Ceará seria também tão bem quisto pelos empresários quanto Serra.
Como São Paulo, grosso modo, tem metade da economia brasileira, a elite paulista apoiaria Tasso.
4) Para Covas, Tasso atua mais partidariamente do que Serra, que seria mais individualista, e fará um discurso para recuperar as raízes do PSDB.
Covas entende que Serra, apesar de crítico da política econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso, precisará mais do apoio do Planalto do que Tasso para se viabilizar, pois é ministro.
Logo, seria menos independente em relação a FHC e equipe econômica.
Covas tem repetido a auxiliares que só trocou de partido uma vez: saiu do PMDB, antigo MDB, para entrar no PSDB.
Quer que isso tenha valido a pena, num momento em que enfrenta problema de saúde.
Para ele, a política econômica de FHC é contra as idéias originais do PSDB.
5) Tasso e Covas fizeram um acordo em junho para marchar juntos em 2002. Esse trato ocorreu em um encontro que deixou Covas emocionado.
Foi pouco antes de ele saber da volta do câncer, num momento em que ainda nutria a esperança de que a saúde não o tiraria do páreo presidencial, caso quisesse disputar.
Naquela época, ele hesitava. Hoje, considera-se fora do jogo.

Cara do PSDB
Nessa reunião, no Palácio dos Bandeirantes, Tasso foi claro: hipotecou apoio a Covas, argumentando que só a candidatura dele permitiria o discurso mais duro de um tucano contra o governo do próprio PSDB. Falaram em recuperar a cara do PSDB.
Daí surgiu o veto de Covas à possibilidade do ministro Pedro Malan (Fazenda) vir a ser candidato pela vontade pessoal de FHC.
O governador paulista deu entrevistas dizendo que jamais apoiaria o ministro da Fazenda. Tasso e Covas acertaram que, se necessário, enfrentariam FHC na escolha do candidato.
O ministro da Educação, Paulo Renato, que se movimenta para tentar ser candidato, não é levado a sério por Covas.
O governador acha que ele seria outro nome do bolso do colete de FHC.
Depois que adoeceu de novo, Covas resolveu antecipar seus movimentos políticos.
Disse a auxiliares que não frearia mais seus sentimentos nem deixaria de dizer o que pensa.
Contou que sugerira a Tasso que sinalizasse disposição de ser candidato.

Carimbo
Dado o sinal, o governador paulista falou para os auxiliares que manifestaria apoio pela imprensa com o objetivo de tirar um carimbo que incomoda os tucanos: o de que o governador cearense hoje é mais um candidato do senador pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA), presidente do Senado, do que do PSDB.


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