São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Emprego ou fome

Os telejornais e demais meios ecoaram o dia todo os números do Ibope anunciados pela Confederação Nacional da Indústria.
Na manchete do Jornal Nacional, "aumento da aprovação popular do governo Lula".
Na CBN e no UOL, "aprovação do governo sobe de 38% para 41%". No site da Agência Estado, "confiança em Lula sobe de 58% para 63%".
Aqui e ali, como no JN e no site da Bloomberg, pipocou a avaliação de que "a principal razão para a melhora na popularidade foi aprovação à atuação no combate ao desemprego".
Mas não para o site da própria CNI -que noticiou ter sido "o combate à fome e à pobreza o destaque no desempenho positivo do governo".
É a fome de que tanto se ocupa o marketing de Lula.
 
Emprego ou fome, é no Nordeste que estão, dizia a manchete da Agência Nordeste, "as melhores taxas":
- 77% dos nordestinos aprovam o governo Lula.
 
O JN nem citou, mas o Jornal da Band chegou a dar manchete para as primeiras impressões da eleição de 2006:
- Números da pesquisa CNI/Ibope mostram que o presidente seria reeleito.
"Lula venceria", destacou também a Folha Online, enquanto a Agência Estado sublinhava que o tucano "José Serra é o mais forte para enfrentar Lula em 2006". E não o governador Geraldo Alckmin.

AQUÉM DO ESPERADO

Reprodução
Ilustração no site do "FT"

O "megaleilão" de energia, realizado ontem, foi antecipado pelo "Financial Times" como "um teste-chave para o modelo novo e mais intervencionista adotado [para o setor] pelo governo de esquerda do presidente Lula".
Também a "Economist" tratou assim, dizendo que, "se for bem, vai sinalizar a recuperação do Brasil depois de meia década em que o racionamento de energia afetou o crescimento".
Nas avaliações de bate-pronto na web, a Folha Online disse que "o desempenho foi abaixo do esperado" e o Globo Online comentou que os preços foram "aquém do esperado". Também a agência Bloomberg:
- O leilão empurrou para baixo os preços, despertando preocupação nos investidores.

Revogado
Atropelado por ordem da Justiça um dia antes, o governo espalhava ontem que Lula iria "revogar o decreto de FHC nas próximas horas". O anúncio "oficial" chegou para o JN, à noite:
- A Casa Civil da Presidência da República informou que será revogado o decreto assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que permitia o sigilo de documentos ultra-secretos por 50 anos. A decisão já foi tomada pelo presidente Lula.

Fechar contas
Num debate em que ainda não se viu a oposição, os governistas seguiam especulando, ontem nos telejornais e canais de notícias, com as apostas para o salário mínimo do ano que vem.
Luiz Marinho, da CUT, e o deputado Paulo Paim voltaram às câmeras, depois de conversas com o presidente, dizendo que Lula agora "tem interesse num reajuste bem melhor". Mas aí entra o ministro da Fazenda:
- É legítimo que os trabalhadores, num momento de crescimento, façam demandas. Agora, o meu papel é fechar contas.

Masmorras
O JN destacou, bem como Globo News e Globo Online, que o Rio de Janeiro "passou" São Paulo no ranking dos Estados com maior renda per capita.
Mas a boa notícia para o Rio, com dados de 2002, veio acompanhada de outra, também em destaque nas várias Globos:
- A organização Human Rights Watch divulgou relatório que revela a situação de centros de detenção de menores no Rio. O documento compara as unidades a masmorras, as prisões subterrâneas da Idade Média.

O pior
E havia outro levantamento internacional negativo, não ao Rio, mas ao Brasil inteiro.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico divulgou o resultado de testes realizados com jovens de 41 países. Em matemática, "o país em pior posição é o Brasil", escreveu o londrino "Guardian" -o que ecoou no JN, em manchete em tom mais contido:
- Uma pesquisa internacional mostra falhas na educação dos adolescentes brasileiros.

A CNN APELA AO MUNDO

A CNN não cede. Em entrevista ao "Independent", o presidente do canal pioneiro de notícias insistiu que sua concorrente conservadora -e agora líder nos EUA- Fox News tem "fãs" e não audiência. Disse que a CNN vai continuar a "irritar" alguns americanos. E destacou:
- O alcance internacional é o nosso diferencial.


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