São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

UTI

Piorou muito, nas últimas horas, o estado de saúde da candidatura de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara. A derrota do postulante governista à vaga no TCU, anteontem, foi um mau presságio, mas o sintoma mais grave é a desidratação do apoio ao petista nos chamados partidos do mensalão. No PTB, a situação ainda está sob controle, mas, no PP e no PR (ex-PL), as defecções crescem a olhos vistos.
Porém, a despeito dos sinais de alerta, poucos acreditam em recuo. Mesmo petistas céticos quanto às chances de vitória alegam que a candidatura faz parte da "agenda 2010", cujo ponto de partida seria a recuperação do poder do Campo Majoritário, capitaneada por José Dirceu e por aliados de Marta Suplicy.

Sola de sapato. Foi intenso o corpo-a-corpo dos pequenos partidos no Supremo, que ontem terminou por derrubar a cláusula de barreira. Nas últimas semanas, todos os ministros foram visitados. O kit dos reclamantes incluía um parecer contrário à regra elaborado pelo ex-integrante do tribunal Célio Borja.

Dia bom. O resultado no STF saiu no dia seguinte ao lançamento do livro de Marco Aurélio Mello, relator que defendeu a inconstitucionalidade da cláusula. O título da obra, uma compilação de seus votos, é "Vencedor e Vencido", referência bem humorada ao fato de o ministro ser meio "outsider" no tribunal.

Encaminhado. Na leitura de parlamentares que acompanharam a votação da cláusula de barreira, o Supremo deu o tom da reforma política: nada passa além de fidelidade partidária, financiamento público de campanha e voto em lista. Na verdade, nem isso.

No telhado. Derrubada a cláusula, a assessoria de Roberto Freire divulgou texto em que o presidente do PPS lembra que a fusão com PMN e PHS ainda não está aprovada. "Questões programáticas" precisam ser discutidas.

Não-consumado. Outros membros da MD -Mobilização Democrática, nome de batismo da fusão do PPS com os dois nanicos- apelidam a agremiação de "Partido Cicarelli", numa referência ao casamento-relâmpago da modelo com o jogador Ronaldo.

Só. Do deputado não-reeleito Paulo Delgado (PT-MG), sobre a derrota para Aroldo Cedraz (PFL-BA) na disputa por vaga no TCU: "Não imaginava que, depois de 20 anos de Parlamento, eu seria o único orador no meu próprio funeral".

Soy yo. Ao receber, ontem, a Medalha Amigo da Abin, o general Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, quebrou o protocolo: "Não sou amigo da Abin. Eu sou a Abin". Ninguém riu.

Siesta. Animado com a feijoada servida após a entrega do prêmio, o general dispensou os funcionários do expediente. Foram convocados a voltar às 19h para a inauguração do Museu da Inteligência.

Lotação. Com o inferno nos aeroportos, parlamentares donos de jatinhos, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), intensificaram as caronas a colegas de suas regiões. A aeronave do senador já foi apelidada de "táxi aéreo".

Gogó. Patrícia Saboya (PSB-CE) emparedou o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Em audiência no Senado, disse estar "constrangida" por ser da base aliada e arrancou no grito reunião para tratar da construção da refinaria no Ceará, da qual a estatal tenta recuar.

Aos poucos. Apesar das promessas de Yeda Crusius de que não irá privatizar nada, o mercado aposta na venda de ativos de transmissão e geração da Companhia Estadual de Energia Elétrica gaúcha durante o governo da tucana. No círculo da governadora eleita, o assunto está proibido, pelo menos por enquanto.

Tiroteio

"O analista de Bagé seria menos cínico que o ministro da "desestabilização institucional".
"É fácil não estressar quando se usa jatinho da FAB para fugir do caos nos aeroportos".
Do deputado eleito JOSÉ ANÍBAL (PSDB-SP) sobre o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), segundo quem o governo não tem "pressa neurótica e temperamental" para resolver o apagão aéreo.

Contraponto

Relógio biológico

Em entrevista dada anteontem logo depois de anunciar novos nomes de seu secretariado, José Serra foi cobrado pelos jornalistas sobre as razões que o levaram a transferir a posse no governo de São Paulo da manhã para a tarde de 1º de janeiro. O tucano negou que o horário tenha sido escolhido para coincidir com a cerimônia, em Brasília, que marcará o início do segundo mandato de Lula.
-Fiz por vocês-, brincou ele, sugerindo ter dado à imprensa a chance de se recuperar dos festejos da virada.
Conhecido notívago, Serra concluiu:
-E mais: por mim, a posse seria à noite. Além de ser mais chique, eu estaria muito mais bem-humorado!


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