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Painel
Renata Lo Prete - painel@uol.com.br
UTI
Piorou muito, nas últimas horas, o estado de saúde
da candidatura de Arlindo Chinaglia à presidência da
Câmara. A derrota do postulante governista à vaga no
TCU, anteontem, foi um mau presságio, mas o sintoma mais grave é a desidratação do apoio ao petista nos
chamados partidos do mensalão. No PTB, a situação
ainda está sob controle, mas, no PP e no PR (ex-PL),
as defecções crescem a olhos vistos.
Porém, a despeito dos sinais de alerta, poucos acreditam em recuo. Mesmo petistas céticos quanto às
chances de vitória alegam que a candidatura faz parte
da "agenda 2010", cujo ponto de partida seria a recuperação do poder do Campo Majoritário, capitaneada
por José Dirceu e por aliados de Marta Suplicy.
Sola de sapato. Foi intenso o corpo-a-corpo dos pequenos partidos no Supremo,
que ontem terminou por derrubar a cláusula de barreira.
Nas últimas semanas, todos
os ministros foram visitados.
O kit dos reclamantes incluía
um parecer contrário à regra
elaborado pelo ex-integrante
do tribunal Célio Borja.
Dia bom. O resultado no
STF saiu no dia seguinte ao
lançamento do livro de Marco
Aurélio Mello, relator que defendeu a inconstitucionalidade da cláusula. O título da
obra, uma compilação de seus
votos, é "Vencedor e Vencido", referência bem humorada ao fato de o ministro ser
meio "outsider" no tribunal.
Encaminhado. Na leitura
de parlamentares que acompanharam a votação da cláusula de barreira, o Supremo
deu o tom da reforma política:
nada passa além de fidelidade
partidária, financiamento público de campanha e voto em
lista. Na verdade, nem isso.
No telhado. Derrubada a
cláusula, a assessoria de Roberto Freire divulgou texto
em que o presidente do PPS
lembra que a fusão com PMN
e PHS ainda não está aprovada. "Questões programáticas"
precisam ser discutidas.
Não-consumado. Outros
membros da MD -Mobilização Democrática, nome de batismo da fusão do PPS com os
dois nanicos- apelidam a
agremiação de "Partido Cicarelli", numa referência ao casamento-relâmpago da modelo com o jogador Ronaldo.
Só. Do deputado não-reeleito
Paulo Delgado (PT-MG), sobre a derrota para Aroldo Cedraz (PFL-BA) na disputa por
vaga no TCU: "Não imaginava
que, depois de 20 anos de Parlamento, eu seria o único orador no meu próprio funeral".
Soy yo. Ao receber, ontem,
a Medalha Amigo da Abin, o
general Jorge Félix, chefe do
Gabinete de Segurança Institucional, quebrou o protocolo: "Não sou amigo da Abin.
Eu sou a Abin". Ninguém riu.
Siesta. Animado com a feijoada servida após a entrega
do prêmio, o general dispensou os funcionários do expediente. Foram convocados a
voltar às 19h para a inauguração do Museu da Inteligência.
Lotação. Com o inferno nos
aeroportos, parlamentares
donos de jatinhos, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), intensificaram as caronas a colegas de suas regiões. A aeronave do senador já foi apelidada de "táxi aéreo".
Gogó. Patrícia Saboya (PSB-CE) emparedou o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Em audiência no Senado, disse estar
"constrangida" por ser da base aliada e arrancou no grito
reunião para tratar da construção da refinaria no Ceará,
da qual a estatal tenta recuar.
Aos poucos. Apesar das
promessas de Yeda Crusius
de que não irá privatizar nada,
o mercado aposta na venda de
ativos de transmissão e geração da Companhia Estadual
de Energia Elétrica gaúcha
durante o governo da tucana.
No círculo da governadora
eleita, o assunto está proibido,
pelo menos por enquanto.
Tiroteio
"O analista de Bagé seria menos cínico que o
ministro da "desestabilização institucional".
"É fácil não estressar quando se usa jatinho
da FAB para fugir do caos nos aeroportos".
Do deputado eleito JOSÉ ANÍBAL (PSDB-SP) sobre o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), segundo quem o governo não tem "pressa
neurótica e temperamental" para resolver o apagão aéreo.
Contraponto
Relógio biológico
Em entrevista dada anteontem logo depois de anunciar
novos nomes de seu secretariado, José Serra foi cobrado
pelos jornalistas sobre as razões que o levaram a transferir a posse no governo de São Paulo da manhã para a tarde de 1º de janeiro. O tucano negou que o horário tenha
sido escolhido para coincidir com a cerimônia, em Brasília, que marcará o início do segundo mandato de Lula.
-Fiz por vocês-, brincou ele, sugerindo ter dado à imprensa a chance de se recuperar dos festejos da virada.
Conhecido notívago, Serra concluiu:
-E mais: por mim, a posse seria à noite. Além de ser
mais chique, eu estaria muito mais bem-humorado!
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