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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Segundo estudo, 73,4% dos participantes têm ensino superior
Evento reúne elite escolar, diz Ibase
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A maioria dos participantes da
última edição do FSM (Fórum Social Mundial), realizado em janeiro de 2003 em Porto Alegre, era
adepta de alguma religião, tinha
alto nível de escolaridade e defendia a legalização ou a descriminalização do aborto.
As informações constam de
pesquisa inédita sobre o público
do fórum divulgada ontem no Rio
pela ONG (organização não-governamental) Ibase (Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas).
O estudo mostra que a escolaridade dos participantes era bem
maior que a média brasileira:
73,4% tinham nível superior incompleto ou completo, 9,7% com
mestrado ou doutorado. Só 21%
disseram ter de 9 a 12 anos de estudo, e 4,7%, de zero a oito anos.
O Censo 2000, do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), mostra que só
15% dos brasileiros têm ensino
médio completo ou superior incompleto, e 4,1%, superior completo. "Lutamos por outra globalização, mas nós mesmos temos
um déficit de globalidade social
muito grande. Examinando o nível de escolaridade, percebemos
que não representamos a sociedade real", afirmou Cândido
Grzybowski, diretor do Ibase.
Grzybowski disse que a criação
de um fundo de solidariedade minimiza a ausência dos setores excluídos. Em Porto Alegre, por
exemplo, os organizadores pagaram a inscrição de 500 delegados.
A taxa custou US$ 50.
A pesquisa revela que 62,6%
disseram seguir alguma religião.
Entre os brasileiros, foi alto o percentual dos que não têm religião:
34,7%. No total da população, a
proporção é de 7,3%, segundo o
IBGE. Dos com religião, a maioria
disse ser católica (61,6 %).
Do total de entrevistados, 76%
responderam ser favoráveis ao
aborto -40% a favor e 36% com
restrições. Outra revelação da
pesquisa é a pouca participação
de estrangeiros no evento. Dos
cerca de 100 mil participantes,
85,9% eram brasileiros, contra
14,1% de estrangeiros.
Além de ter um alto nível de escolaridade, os participantes da última edição do fórum são, na
maioria, brasileiros, do sexo feminino, heterossexuais e jovens.
A maior parte disse não confiar
no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Bird (Banco Mundial). Segundo a pesquisa, só 4%
confiam total ou parcialmente em
ambos. A pesquisa ouviu 1.500
dos 100 mil participantes do último FSM. A nova edição ocorre
pela primeira vez fora do Brasil,
entre os dias 16 e 21, na Índia, onde conviverá com opositores, como militantes do espanhol ETA e
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
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