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BOLSA-FAMÍLIA
Ana Fonseca é contra exigência sugerida por Emília Fernandes para beneficiados do programa federal
Coordenadora rejeita planejamento familiar
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A coordenadora do Bolsa-Família, Ana Fonseca, descartou ontem a exigência de planejamento
familiar como contrapartida dos
beneficiados pelo programa, como havia sugerido a ministra
Emília Fernandes (Políticas para
as Mulheres). Fonseca disse que
não é possível fiscalizar o cumprimento da tarefa pela família.
"Como se opera essa condicionalidade? Não há um modo de
aferir isso", disse Ana Fonseca.
Principal benefício social pago
pela União, o Bolsa-Família atende hoje a cerca de 32,5 milhões de
pessoas de baixa renda e com dificuldades de acesso aos serviços
básicos de saúde.
Na segunda-feira, Emília havia
dito à Folha que considerava um
problema "que mulheres e homens continuem colocando
crianças no mundo para morar
nas ruas, debaixo das pontes, [viver] na prostituição, nas drogas".
A saída, defendeu a ministra, seria incluir o acesso ao planejamento familiar, previsto em lei
desde 1996, como uma das contrapartidas exigidas dos beneficiados pelo Bolsa-Família (unificação do cadastros dos programas Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão-Alimentação).
O planejamento familiar pode
ser resumido como ações preventivas à gravidez, como uso de camisinha ou anticoncepcionais.
Não pode ser confundido com
controle de natalidade, vedado
pela lei brasileira, em que o Estado define o máximo de filhos que
a família pode ter, por exemplo.
Apesar de ser contra a idéia de
Emília, Ana Fonseca defende divulgação maior dos direitos previstos em lei. "Entendo que a contracepção, como também a concepção, são direitos de cidadania
e que a possibilidade de exercício
desses direitos depende da oferta
de serviços de saúde e educação."
Procurada, Emília informou,
por meio de sua assessoria de imprensa, que seu objetivo é levar
"informação e educação" sobre
planejamento familiar às famílias
atendidas pelo Bolsa-Família. Ela
recuou e disse que não defende a
inclusão do tema como contrapartida de programas sociais.
O que Emília propõe agora é
simplesmente informar essas pessoas sobre os direitos previstos
em lei. Ana Fonseca concorda
com isso. Anteontem, ela conversou por telefone com a ministra
sobre o alcance do programa. Há
chance de as equipes do Bolsa-Família passarem a esclarecer minimamente os atendidos sobre o
planejamento familiar.
"O que podemos fazer no Bolsa-Família é estimular esse conhecimento e indicar os serviços oferecidos na rede pública de saúde",
afirmou Ana Fonseca.
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