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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Governador disputa com José Serra indicação do PSDB como candidato à Presidência
Alckmin anuncia que até abril deixará governo de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), confirmou ontem que deixará o cargo
até 1º de abril para tentar concorrer à Presidência da República.
Alckmin, que trava uma batalha
com o prefeito da capital, José
Serra (PSDB), pelo posto de candidato tucano, disse que, fora do
governo paulista, estará "à disposição" do partido, mas adiantou
que não pretende concorrer a outra cadeira que não seja a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Pela lei, quem quiser ser candidato, se no dia 2 de abril estiver no
governo está inelegível. Então nós
vamos sair antes", afirmou o governador, após evento numa escola da zona sul de São Paulo, referindo-se ao prazo de desincompatibilização de quem tem cargo
no Executivo para concorrer nas
eleições de outubro.
Além de Alckmin, também devem sair do governo estadual vários nomes do primeiro escalão.
Até o final de 2005, o governador
mantinha aberta a possibilidade
de permanecer até o fim do mandato, em 31 de dezembro, caso
não fosse o escolhido do PSDB
para concorrer ao Planalto.
Nos bastidores, tucanos tentam
convencer o governador a deixar
o cargo antes de 1º de abril, o que,
na visão deles, evitaria que Serra
consolidasse sua candidatura à
Presidência. Serristas não acreditam que o governador venha a tomar uma decisão tão radical.
Segundo as pesquisas de opinião, o prefeito de São Paulo ficaria à frente de Lula já no primeiro
turno e ganharia com boa vantagem no segundo -Alckmin fica
atrás do presidente no 1º e empatado tecnicamente no 2º.
"A pesquisa é um instrumento,
não é um fator decisivo, mas é um
fator orientador", disse ontem
Alckmin, para quem tais levantamentos não serão determinantes
na escolha do candidato tucano.
Questionado se concorrerá ao
Senado caso não seja escolhido
para disputar a Presidência, Alckmin respondeu: "Não. Sou candidato a trabalhar pelo Brasil e gosto do executivo. Sou candidato a
presidente da República, vou trabalhar, acho que as coisas estão
indo muito bem, estão caminhando naturalmente", disse ele.
Embora tenha dito que não pretende concorrer a outro cargo,
Alckmin também precisaria deixar o governo até 1º de abril caso
optasse por concorrer a uma vaga
no Senado ou na Câmara.
Alckmin deixará o posto para o
qual foi reeleito em 2002, com cerca de 11 milhões de votos, batendo
no 2º turno o petista José Genoino
-ele havia assumido o governo
em 2001, com a morte de Mario
Covas. Com Alckmin fora, o vice
Cláudio Lembo (PFL) assumirá o
Estado por nove meses.
Ainda no evento de ontem, o
governador comentou a sucessão
estadual, e citou o nome de Gabriel Chalita, seu secretário de
Educação, como um dos prováveis candidatos tucanos. Ressaltou que não faria indicação ao
posto e, em seguida, citou outros
possíveis candidatos do partido.
Interlocutores do governador
acreditam que sua disposição em
deixar o cargo pode criar um
constrangimento para Serra fazer
o mesmo. Se o prefeito também
deixar o posto, tanto a cidade
(com Gilberto Kassab) quanto o
Estado de São Paulo seriam administrados pelo PFL.
Já os tucanos ligados a Serra
acham que, se Alckmin mantiver
a disposição de deixar o posto,
poderá encontrar resistências no
partido. Fora de São Paulo, segundo as pesquisas, Alckmin está em
desvantagem na preferência dos
tucanos. O partido acredita que o
governador pode arriscar a deixar
o cargo e ainda assim não ser escolhido como candidato.
A decisão poderia, ainda, significar uma afronta à direção da sigla, que já se manifestou favorável
a uma decisão consensual sobre a
disputa. Tanto que contratou pesquisas de opinião para aferir
quem seria o candidato com mais
potencial para bater Lula.
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