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ELEIÇÕES 2006/A CAMINHO DAS URNAS
Levantamento interno da sigla pode levá-la a abdicar de concorrer a alguns governos estaduais na tentativa de reeleger Lula
PT vê PMDB com boas chances em 14 Estados
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Extenso levantamento interno
do PT mostra que o PMDB desponta como favorito em 14 das 27
disputas de governadores neste
ano. Bem atrás aparece o próprio
PT, com chances em seis Estados,
seguido pelo PSDB, com cinco.
Segundo Gleber Naime, membro da Executiva Nacional do PT
e coordenador do GTE (Grupo de
Trabalho Eleitoral) da sigla, o
PMDB pode lançar candidatos
próprios em até 19 Estados.
Esse estudo está com a direção
nacional do PT e servirá de combustível para que o partido tente
selar algum tipo de acordo com os
peemedebistas. A idéia é fazer o
possível para preservar as chances
de Luiz Inácio Lula da Silva se reeleger presidente. Nesse caso, o PT
terá de se preparar para abrir mão
de concorrer em alguns Estados.
Não é uma tarefa fácil. A maioria da bancada petista na Câmara,
por exemplo, é contra a derrubada da verticalização -a regra que
impede os partidos de fazerem
nos Estados alianças eleitorais divergentes daquela que acertarem
no plano federal. A cúpula do
PMDB em peso é pela derrubada.
Nas regiões Sul (15,4% do eleitorado nacional) e Sudeste (44,3%),
o PMDB terá candidatos com
chances de vitória em seis dos sete
governos estaduais em disputa:
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Em Minas Gerais, os peemedebistas trabalham para ter a vaga
de vice na chapa de Aécio Neves
(PSDB), considerado favorito por
tentar a reeleição. O postulante do
PMDB à vaga de vice é o ministro
Saraiva Felipe (Saúde) -embora
exista chance remota de o ministro Hélio Costa (Comunicações),
ser o candidato próprio da sigla.
Em São Paulo, o peemedebista
Orestes Quércia aparece em primeiro na pesquisa Datafolha. O
levantamento do PT o coloca como um dos favoritos, mas muitos
no partido acreditam que o
PMDB acabará desistindo dessa
disputa em troca de alguma compensação -como a vaga de candidato ao Senado na composição
com outra agremiação ou até o lugar de vice-governador.
Os petistas acham que a liderança de Quércia é efêmera, dado o
número reduzido de candidatos
lançados até o momento para a
sucessão de Geraldo Alckmin
(PSDB). O PT vai decidir entre o
senador Aloizio Mercadante e a
ex-prefeita Marta Suplicy.
Dentro do PSDB, a espera sobre
a definição do candidato ao Palácio dos Bandeirantes está relacionada à escolha do postulante ao
Palácio do Planalto. Se o escolhido for o prefeito José Serra, é comum ouvir entre tucanos que caberá a Alckmin a prerrogativa de
definir o nome de seu sucessor no
governo do Estado. O inverso
também valeria para Serra.
Embora a lista de tucanos pretendentes seja grande, nos bastidores do PSDB o nome forte de
Serra é o do ex-ministro da Justiça
Aloysio Nunes Ferreira. O preferido de Alckmin para sucedê-lo é o
secretário da Habitação, Emanuel
Fernandes.
Hoje, o PMDB já governa os três
Estados do Sul, com Germano Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC) e
Roberto Requião (PR). Os três são
candidatos à reeleição e, na opinião do PT, fortes candidatos a ficar mais quatro anos no cargo. A
exceção petista é o Rio Grande do
Sul, onde a sigla de Lula deve lançar um nome competitivo -mas
com chances incertas de vitória.
No Rio de Janeiro, a candidatura do senador Sérgio Cabral Filho
(PMDB) é vista pelo PT como favorita pelo fato de ter o apoio do
casal Anthony Garotinho e Rosinha Matheus. O PT não enxerga
chance de vitória de seu pré-candidato, Vladimir Palmeira.
No Espírito Santo, o PMDB filiou o atual governador, Paulo
Hartung, que, segundo as sondagens petistas, deve ser reeleito.
As duas siglas que podem acabar polarizando a disputa presidencial de 2006 devem registrar
um desempenho discreto nas
eleições estaduais. PT e PSDB podem ficar fora da região Sul e têm
chances incertas no Sudeste.
O único que entra concorrendo
com possibilidade real de vitória é
o tucano Aécio Neves em Minas
Gerais. Fora desse cenário, o
PSDB não tem segurança em nenhuma outra disputa nas duas regiões com os eleitorados mais
densos do país. O PT nem isso: a
sigla não sai na frente em nenhum
dos Estados do Sul e do Sudeste.
Os tucanos têm hoje seis governos (Ceará, Goiás, Minas Gerais,
Pará, Paraíba e São Paulo). Governam 55,5 milhões de eleitores
-46,4% do total do país.
Os petistas estão apenas em três
Estados periféricos: Acre, Mato
Grosso do Sul e Piauí. Juntos, somam apenas 3,9 milhões de eleitores (meros 3,3% do país).
No levantamento petista, o partido demonstra que será difícil
manter pelo menos um dos Estados hoje sob seu comando -o de
Mato Grosso do Sul, por causa do
desgaste do atual governador, Zeca do PT (que não pode se reeleger) e pela força do pré-candidato
do PMDB, André Puccineli.
O nome petista no Mato Grosso
do Sul é o do presidente da CPI
dos Correios, senador Delcídio
Amaral. Ocorre que seu relacionamento com Zeca do PT é conflituoso e não há acerto ainda sobre alianças locais para 2006.
O estudo petista sobre as disputas nos 26 Estados e no Distrito
Federal será aprofundado e finalizado neste mês. "É um quadro
ainda preliminar, pois a situação é
complexa por causa da incerteza
sobre a regra da verticalização",
diz o petista Gleber Naime.
A idéia é fazer com que o partido tenha uma diretriz conjunta,
em nível nacional, para que as disputas estaduais não prejudiquem
a política de alianças do PT no
projeto de reeleição de Lula.
O presidente disse à direção nacional da sigla, no mês passado,
que só terá segurança da reeleição
quando for possível montar uma
base sólida de apoio no Congresso para um eventual novo mandato. Essa base precisa começar a
ser construída na aliança eleitoral.
Dentro do PT, o que se ouve
com frequência é que o parceiro
ideal em 2006 seria o PMDB. Só
que para atrair os peemedebistas
seria necessário cumprir três etapas: 1) derrubar a verticalização;
2) convencer José Alencar a ceder
o lugar (hoje, o vice-presidente está filiado ao nanico PRB) e 3) anabolizar a ala governista do PMDB
para que a aliança seja aprovada
em uma convenção.
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