São Paulo, segunda-feira, 09 de janeiro de 2006

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PFL e PMDB têm programa de governo antes de PT e PSDB

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PFL e PMDB saíram na frente na elaboração dos seus programas de governo para a eleição presidencial, enquanto PT e PSDB -partidos cujos pré-candidatos aparecem com mais chance de vitória nas pesquisas- mostram-se com dilemas.
Os pefelistas já têm um documento escrito e os peemedebistas escalaram o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, para realizar palestras para discutir temas e colher idéias com militantes em reuniões abertas ao público. "Nossa meta é visitar 25 Estados brasileiros", disse Lessa.
Os tucanos também promoveram discussões sobre o programa de governo. Porém, só a portas fechadas e por meio de correspondência eletrônica. Participaram dos debates "militantes de certa qualificação profissional", segundo líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP).
O deputado contou ter sido escolhido pelo partido para cuidar do assunto há seis meses. "Distribuímos esse trabalho para umas 200 pessoas próximas do partido. Entre elas intelectuais e lideranças", disse. Um texto em formato de minuta já foi formulado, mas ainda não há autorização para que seja divulgado.
O zelo deve-se ao fato de que as propostas do partido poderão variar de acordo com o candidato a ser escolhido: o prefeito de São Paulo, José Serra, ou o governador paulista, Geraldo Alckmin. O primeiro tenderia a um programa mais à esquerda que o segundo, sobretudo no que se refere à intervenção do Estado na economia.
Goldman afirma que, apesar de as discussões em torno do programa de governo do partido terem começado, o documento só será finalizado quando estiver definido qual dos dois será o candidato. "Os perfis [de Serra e de Alckmin] são diferentes e temos que levar em conta a opinião de cada um."
No PT, o problema não é o candidato-quase ninguém duvida mesmo que Luiz Inácio Lula da Silva vai concorrer à reeleição. Há dúvidas sobre quem cuidará da coordenação do programa. Os mais cotados são o ex-ministro da Educação Tarso Genro e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Garcia e Genro deverão estar lado a lado, contudo, para enfrentar o ministro Antonio Palocci (Fazenda), quando entrarem na mesa de discussão petista propostas de mudanças na política econômica. A primeira mostra disso deu-se no começo de dezembro, quando o diretório nacional aprovou resolução do partido petista cobrando a redução da taxa de juros e aceleração na execução orçamentária do governo federal.
O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), defendeu o direito de o partido ver defeitos na política executada por Palocci. "Temos o dever de fazer isso. Esse governo não é só do PT", disse. Berzoini indicou que a resolução é o início da discussão sobre o tema no futuro programa de governo. "O que está por trás [da resolução] é o programa de governo do ano que vem", disse.
Tarso Genro foi um dos petistas que defenderam a resolução. Ele ainda estuda coordenar o programa do PT, mas anuncia que defenderá mudanças, às quais prefere classificar como "transição", na política econômica. "A área econômica está bem-sucedida, relativamente. O sucesso está sendo conquistado no sacrifício de outras áreas", disse.
Para ele, deve haver convergência nas propostas para a condução da economia do país. "Qualquer candidato que queira ter viabilidade no Brasil hoje vai se apresentar verdadeiramente ou falsamente como candidato de centro-esquerda", disse. "Mas o PT não vai propor aventuras", afirmou.
Único partido a elaborar documento escrito com propostas para governar, o PFL promete fugir à regra. "O programa é liberal por excelência", afirmou o líder pefelista no Senado, José Agripino, referindo-se ao texto concebido pelo ex-ministro Gustavo Krause, e diz que o PFL é um partido "centro-reformista" e não "de direita".
Quanto à intervenção do Estado, tudo indica que PMDB- em teoria, ao menos- será mais radical. Em suas palestras, Lessa tem se classificado como "neo-nacionalista".


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