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PFL e PMDB têm programa de governo antes de PT e PSDB
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PFL e PMDB saíram na frente
na elaboração dos seus programas de governo para a eleição
presidencial, enquanto PT e
PSDB -partidos cujos pré-candidatos aparecem com mais
chance de vitória nas pesquisas-
mostram-se com dilemas.
Os pefelistas já têm um documento escrito e os peemedebistas
escalaram o economista Carlos
Lessa, ex-presidente do BNDES,
para realizar palestras para discutir temas e colher idéias com militantes em reuniões abertas ao público. "Nossa meta é visitar 25 Estados brasileiros", disse Lessa.
Os tucanos também promoveram discussões sobre o programa
de governo. Porém, só a portas fechadas e por meio de correspondência eletrônica. Participaram
dos debates "militantes de certa
qualificação profissional", segundo líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP).
O deputado contou ter sido escolhido pelo partido para cuidar
do assunto há seis meses. "Distribuímos esse trabalho para umas
200 pessoas próximas do partido.
Entre elas intelectuais e lideranças", disse. Um texto em formato
de minuta já foi formulado, mas
ainda não há autorização para
que seja divulgado.
O zelo deve-se ao fato de que as
propostas do partido poderão variar de acordo com o candidato a
ser escolhido: o prefeito de São
Paulo, José Serra, ou o governador paulista, Geraldo Alckmin. O
primeiro tenderia a um programa
mais à esquerda que o segundo,
sobretudo no que se refere à intervenção do Estado na economia.
Goldman afirma que, apesar de
as discussões em torno do programa de governo do partido terem
começado, o documento só será
finalizado quando estiver definido qual dos dois será o candidato.
"Os perfis [de Serra e de Alckmin]
são diferentes e temos que levar
em conta a opinião de cada um."
No PT, o problema não é o candidato-quase ninguém duvida
mesmo que Luiz Inácio Lula da
Silva vai concorrer à reeleição. Há
dúvidas sobre quem cuidará da
coordenação do programa. Os
mais cotados são o ex-ministro da
Educação Tarso Genro e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Garcia e Genro deverão estar lado a lado, contudo, para enfrentar
o ministro Antonio Palocci (Fazenda), quando entrarem na mesa de discussão petista propostas
de mudanças na política econômica. A primeira mostra disso
deu-se no começo de dezembro,
quando o diretório nacional aprovou resolução do partido petista
cobrando a redução da taxa de juros e aceleração na execução orçamentária do governo federal.
O presidente nacional do PT,
deputado Ricardo Berzoini (SP),
defendeu o direito de o partido
ver defeitos na política executada
por Palocci. "Temos o dever de fazer isso. Esse governo não é só do
PT", disse. Berzoini indicou que a
resolução é o início da discussão
sobre o tema no futuro programa
de governo. "O que está por trás
[da resolução] é o programa de
governo do ano que vem", disse.
Tarso Genro foi um dos petistas
que defenderam a resolução. Ele
ainda estuda coordenar o programa do PT, mas anuncia que defenderá mudanças, às quais prefere classificar como "transição", na
política econômica. "A área econômica está bem-sucedida, relativamente. O sucesso está sendo
conquistado no sacrifício de outras áreas", disse.
Para ele, deve haver convergência nas propostas para a condução da economia do país. "Qualquer candidato que queira ter viabilidade no Brasil hoje vai se apresentar verdadeiramente ou falsamente como candidato de centro-esquerda", disse. "Mas o PT não
vai propor aventuras", afirmou.
Único partido a elaborar documento escrito com propostas para governar, o PFL promete fugir
à regra. "O programa é liberal por
excelência", afirmou o líder pefelista no Senado, José Agripino, referindo-se ao texto concebido pelo ex-ministro Gustavo Krause, e
diz que o PFL é um partido "centro-reformista" e não "de direita".
Quanto à intervenção do Estado, tudo indica que PMDB- em
teoria, ao menos- será mais radical. Em suas palestras, Lessa
tem se classificado como "neo-nacionalista".
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