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QUESTÃO INDÍGENA
Guaranis e cauás acamparam em três fazendas invadidas, em Japorã, em estratégia semelhante à do MST
Índios adotam ação de sem-terra em MS
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JAPORÃ (MS)
Índios guaranis e caiuás acamparam dentro de três fazendas invadidas em Japorã (464 km de
Campo Grande), adotando um
sistema semelhante ao do movimento sem-terra. Eles montaram
barracos cobertos com lonas pretas a cerca de 500 metros de cada
uma das sedes das propriedades.
Os líderes indígenas disseram
que vão esperar acampadas a demarcação de 7.800 hectares. Nessa área estão 14 fazendas invadidas pelos índios em dezembro.
Na sexta, a Funai (Fundação
Nacional do Índio) informou que
11 fazendas foram desocupadas,
na tentativa de um acordo com os
proprietários. Os acampamentos
foram montados em outras três.
Os produtores rurais querem a
desocupação total das áreas.
O presidente da Funai, Mércio
Pereira Gomes, afirma que até o
final deste mês publica no "Diário
Oficial" da União estudo antropológico que define a área como indígena. Os fazendeiros terão prazo de 90 dias, a contar da publicação, para contestar o estudo.
O líder guarani Avatucambi, 33,
disse que 800 índios estão acampados. As lonas foram fornecidas
pela Prefeitura de Japorã e pela
Funai. "A nossa decisão é não sair
mais daqui", disse Avatucambi.
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região em São Paulo
deu 20 dias para fazendeiros e índios entrarem em acordo, sem o
uso de 600 policiais para fazer a
desocupação das fazendas. O prazo termina amanhã, segundo o
Ministério Público Federal.
Perícia
Os proprietários das fazendas
invadidas devem pedir hoje perícia judicial nas sedes das propriedades, informou o advogado
Geones Miguel Ledesma. Os fazendeiros afirmam que as sedes
das áreas invadidas foram destruídas, após a desocupação.
Na fazenda São José, duas casas
foram derrubadas e os móveis, retirados. Sobraram apenas parte
do telhado e um vaso sanitário
preso ao chão. Um grupo de 200
produtores rurais montou, a 150
metros da ponte de acesso às
áreas invadidas, uma espécie de
observatório com dois binóculos
presos a tripés para observar o
movimento de índios.
A um quilômetro dali está a sede da fazenda São Jorge, onde
móveis das casas foram destruídos. Há pedaços deles no chão. O
dono da propriedade, Pedro Fernandes Neto, 50, disse que havia
televisões, geladeiras, camas,
guarda-roupas, fogões e telefones.
O líder Avatucambi disse que os
móveis foram retirados enquanto
as lideranças dormiam. "Não tínhamos como segurar os patrícios [índios da mesma etnia]."
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