São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004

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CAMPO MINADO

Federação acusa "latifúndio" pelo crime

Sindicalista líder de acampamentos de sem-terra é assassinado no Pará

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O sindicalista Ribamar Francisco dos Santos, 47, que liderava dois acampamentos de sem-terra no município de Rondon do Pará (sudeste do Estado), foi morto na tarde de sábado em frente à casa dele. Santos foi atingido por dois pistoleiros que passaram em uma moto, segundo a Polícia Militar. Ainda não há pista dos autores.
"Foi mais um crime organizado pelo latifúndio no Estado", disse o sindicalista Raimundo Borges, diretor da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará), ao qual o sindicato de Santos é filiado.
Segundo Borges, Santos estava recebendo ameaças de morte por telefone havia cerca de 60 dias, mas não relatou o fato à polícia.
Há três meses, o sindicalista havia assumido a direção dos acampamentos Campo Dourado e Piricunha, em Rondon do Pará, com cerca de cem famílias em cada um. Os dois acampamentos foram criados há seis meses por trabalhadores rurais sem terra e por desempregados do município.
O corpo do sindicalista foi levado para o IML de Marabá (sudeste do Estado) e era esperado em Rondon do Pará ontem à tarde.
O sindicalista era casado, tinha três filhos e um neto. Santos foi o segundo líder sindical ligado à Fetagri assassinado nos últimos 11 dias no Pará. No dia 29 de janeiro, Ezequiel de Morais Nascimento, 46, foi morto em Redenção. Na época, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) afirmou que Nascimento havia recebido ameaças de morte de grandes proprietários rurais da região por reivindicar a desapropriação de uma fazenda e denunciar a grilagem de terra.


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