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CONTRATOS
Prefeitura diz que módulos são privados e não pode sustar pagamentos
Saúde detecta no PAS atos
irregulares, mas não pune
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
A administração
Celso Pitta gastou
R$ 7,6 milhões nos
últimos 14 meses
para montar dois
sistemas informatizados que poderiam evitar fraudes no PAS (Plano de Assistência
à Saúde).
Um deles funciona há seis meses, mas nesse período a Secretaria da Saúde não puniu fraudadores e não suspendeu o pagamento
dos contratos suspeitos que acabavam de ser concluídos.
Dos 668 contratos assinados pelos módulos do PAS, entre janeiro
e março, 258 foram considerados
"irregulares" pelos filtros instalados nos computadores. A irregularidade é quase sempre a de superfaturamento, com poucos casos de compras de emergência ou
de medicamentos e material hospitalar em quantidades superiores às necessárias.
A prefeitura argumenta que os
módulos do PAS são entidades
privadas, e que, mesmo identificando a fraude, não pode bloquear o pagamento das compras.
A prefeitura também contesta os
números anotados pela Folha
(leia texto ao lado).
Um computador da rede da
prefeitura, acessado pelo jornal,
indicou que nos últimos três meses eram "irregulares", no módulo centro do PAS, 31 dos 163 contratos.
O mesmo ocorria com 67 dos
103 contratos do módulo leste,
com 98 dos 235 contratos do módulo norte e com 62 dos 167 contratos do módulo sul.
O número de contratos irregulares constava de uma planilha
geral -a senha do operador do
sistema não dava acesso a informações mais detalhadas- que
tomou como base compras efetivamente realizadas.
Para efeito de teste, os técnicos
que operam o software usam um
módulo do PAS que nunca existiu, o de número 16, mesmo antes
que todos eles fossem unificados
em apenas quatro.
O programa do computador
traz um preço mínimo e um preço máximo de 780 itens de corrente uso hospitalar ou ambulatorial. Essa faixa de preços é definida por um banco de dados, abastecido com informações do governo federal e do mercado por
atacado de medicamentos.
Esse mecanismo de fiscalização
prévia do preço a ser pago, ou
pré-auditoria, permitiria que o
auditor do módulo do PAS e o da
Secretaria da Saúde bloqueassem
os contratos suspeitos.
Só poderiam aceitá-los mediante uma boa justificativa -caso
excepcional de compra de emergência.
Foram encomendados dois
programas que tinham por coincidência o mesmo nome: Sigs, ou
Sistema Integrado de Gestão da
Saúde.
O Sigs encomendado à GV Consult, grupo de consultoria da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas,
não saiu do papel.
O da Prodam (Companhia de
Processamento de Dados do Município) foi ativado e está sendo
implantado de forma progressiva.
Já é capaz, no bairro de São Miguel Paulista, zona leste, de agendar consultas e armazenar o
prontuário de parte dos estimados 600 mil agendamentos mensais que a rede municipal de saúde registra.
O Sigs da Prodam foi apresentado na semana passada, no Guarujá (SP), como produto vendável
durante o 44º Congresso da Associação Brasileira dos Municípios.
Ele também foi mencionado na
semana passada, em Seattle
(EUA), entre programas exemplares que operam com base no
Windows durante a Conferência
Internacional de Lideranças Governamentais, promovida pela
Microsoft.
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