São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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DATAFOLHA
Para 64% dos paulistanos, maioria da Câmara está sob suspeita
88% afirmam não votar em "defensores" de Pitta

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local


O vereador paulistano que decidir apoiar o prefeito Celso Pitta (PTN) na Câmara de São Paulo para livrá-lo de um processo de impeachment vai enfrentar o dissabor de sua decisão nas urnas, nas eleições municipais de outubro.
Pesquisa feita pelo Datafolha mostra que 88% dos paulistanos não votariam de jeito nenhum nos parlamentares que impedirem a aprovação da apuração de denúncias contra o prefeito.
A decisão de iniciar o processo de impeachment de Pitta na Câmara terá de ser tomada até a próxima quinta-feira por uma comissão especial composta por sete integrantes. A maioria é da base de sustentação do Executivo.
A comissão foi criada depois de o prefeito ter sido acusado de crimes como corrupção, improbidade administrativa e uso do cargo para obter vantagens pessoais.
Parte das denúncias, apresentadas ao Legislativo por integrantes da OAB-SP, é baseada em acusações feitas pela ex-primeira-dama Nicéa Pitta. Elas também estão sendo investigadas pela polícia e pelo Ministério Público.
Ao tomar conhecimento das acusações que pesam contra Pitta, quatro dos sete parlamentares indicados para a comissão especial afirmaram que votarão contra o prefeito Celso Pitta.
O placar apertado inclui dois governistas. Um deles, o petebista Natalício Bezerra, também já declarou que poderá mudar seu voto dependendo de desdobramentos na atual apuração. Nas entrevistas que dá, ele não esclarece o que mudaria sua convicção.
Também integram a comissão especial os governistas Ivo Morganti (PMDB) e os pepebistas Brasil Vita e Wadih Mutran, que devem votar com Pitta. Bezerra diz estar no grupo de Arselino Tatto (PT), Gilson Barreto (PSDB) e de Carmino Pepe (PL), que votarão contra o prefeito.
Se o impeachment passar na comissão especial, uma outra votação terá de ocorrer na Câmara, dessa vez em plenário. Só com o voto de 33 dos 55 vereadores paulistanos será efetivamente iniciado o impeachment de Pitta.
Se o prefeito se livrar nessa votação, a desforra do paulistanos na eleição ganhará mais alvos. No plenário, Pitta precisa de 23 votos para que as denúncias contra ele sejam arquivadas na Câmara.
Como a votação é aberta, o nome e o voto de todos os vereadores aparecerão no painel de votação da Câmara paulistana.
Entre os entrevistados, apenas 5% afirmam que talvez votariam em um vereador que aparecer no placar ao lado de Pitta. Segundo o Datafolha, esses parlamentares só receberiam o voto de 4% dos paulistanos nas próximas eleições.
A pesquisa do Datafolha também mostra que 64% dos entrevistados acreditam que a maioria dos parlamentares paulistanos está envolvida nos esquemas de corrupção denunciados pela ex-primeira-dama.
Aos responder a pesquisa, apenas 3% disseram concordar com a afirmação de que é raro, quase não existe o envolvimento de vereadores nas denúncias.
Nicéa afirma, entre outras coisas, que os vereadores que apóiam Pitta receberam propina para arquivar um outro processo de impeachment na Câmara.
O relato dela, que afirma ter presenciado a negociação de compra de votos da sala de seu apartamento nos Jardins, chegou ao conhecimento de 92% dos entrevistados no levantamento.
No caso dos paulistanos que tomaram conhecimento das denúncias e afirmam estar bem informados sobre elas (92%), as suspeitas contra vereadores aumentam: 77% vêem o envolvimento da maioria em corrupção.
O Datafolha ouviu 1.079 entrevistados na última sexta-feira. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.


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