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DATAFOLHA
Para 64% dos paulistanos, maioria da Câmara está sob suspeita
88% afirmam não votar
em "defensores" de Pitta
JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local
O vereador paulistano que decidir
apoiar o prefeito
Celso Pitta (PTN)
na Câmara de São
Paulo para livrá-lo
de um processo de impeachment
vai enfrentar o dissabor de sua decisão nas urnas, nas eleições municipais de outubro.
Pesquisa feita pelo Datafolha
mostra que 88% dos paulistanos
não votariam de jeito nenhum
nos parlamentares que impedirem a aprovação da apuração de
denúncias contra o prefeito.
A decisão de iniciar o processo
de impeachment de Pitta na Câmara terá de ser tomada até a próxima quinta-feira por uma comissão especial composta por sete integrantes. A maioria é da base de
sustentação do Executivo.
A comissão foi criada depois de
o prefeito ter sido acusado de crimes como corrupção, improbidade administrativa e uso do cargo
para obter vantagens pessoais.
Parte das denúncias, apresentadas ao Legislativo por integrantes
da OAB-SP, é baseada em acusações feitas pela ex-primeira-dama
Nicéa Pitta. Elas também estão
sendo investigadas pela polícia e
pelo Ministério Público.
Ao tomar conhecimento das
acusações que pesam contra Pitta,
quatro dos sete parlamentares indicados para a comissão especial
afirmaram que votarão contra o
prefeito Celso Pitta.
O placar apertado inclui dois
governistas. Um deles, o petebista
Natalício Bezerra, também já declarou que poderá mudar seu voto dependendo de desdobramentos na atual apuração. Nas entrevistas que dá, ele não esclarece o
que mudaria sua convicção.
Também integram a comissão
especial os governistas Ivo Morganti (PMDB) e os pepebistas
Brasil Vita e Wadih Mutran, que
devem votar com Pitta. Bezerra
diz estar no grupo de Arselino
Tatto (PT), Gilson Barreto
(PSDB) e de Carmino Pepe (PL),
que votarão contra o prefeito.
Se o impeachment passar na comissão especial, uma outra votação terá de ocorrer na Câmara,
dessa vez em plenário. Só com o
voto de 33 dos 55 vereadores paulistanos será efetivamente iniciado o impeachment de Pitta.
Se o prefeito se livrar nessa votação, a desforra do paulistanos na
eleição ganhará mais alvos. No
plenário, Pitta precisa de 23 votos
para que as denúncias contra ele
sejam arquivadas na Câmara.
Como a votação é aberta, o nome e o voto de todos os vereadores aparecerão no painel de votação da Câmara paulistana.
Entre os entrevistados, apenas
5% afirmam que talvez votariam
em um vereador que aparecer no
placar ao lado de Pitta. Segundo o
Datafolha, esses parlamentares só
receberiam o voto de 4% dos paulistanos nas próximas eleições.
A pesquisa do Datafolha também mostra que 64% dos entrevistados acreditam que a maioria
dos parlamentares paulistanos está envolvida nos esquemas de
corrupção denunciados pela ex-primeira-dama.
Aos responder a pesquisa, apenas 3% disseram concordar com
a afirmação de que é raro, quase
não existe o envolvimento de vereadores nas denúncias.
Nicéa afirma, entre outras coisas, que os vereadores que
apóiam Pitta receberam propina
para arquivar um outro processo
de impeachment na Câmara.
O relato dela, que afirma ter presenciado a negociação de compra
de votos da sala de seu apartamento nos Jardins, chegou ao conhecimento de 92% dos entrevistados no levantamento.
No caso dos paulistanos que tomaram conhecimento das denúncias e afirmam estar bem informados sobre elas (92%), as
suspeitas contra vereadores aumentam: 77% vêem o envolvimento da maioria em corrupção.
O Datafolha ouviu 1.079 entrevistados na última sexta-feira. A
margem de erro do levantamento
é de três pontos percentuais para
mais ou para menos.
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