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CONGRESSO
Maioria dos paulistanos acha que denúncias mútuas devem ser levadas à Justiça, indica Datafolha
94% querem apuração sobre ACM e Jader
da Redação
A quase totalidade dos paulistanos considera que as acusações
trocadas pelos senadores Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA) nas últimas semanas deveriam ser investigadas pela Justiça, mas pouco mais de um terço acredita que
isso venha a acontecer.
Em pesquisa Datafolha feita na
sexta-feira, 94% dos entrevistados
afirmaram que a Justiça deveria
apurar as denúncias de corrupção
que surgiram em meio a um bate-boca entre os senadores, dois dos
maiores caciques políticos da base de apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso. Apenas
2% são contrários.
A maior parte dos paulistanos
(57%) não acredita que haverá investigação. Outros 35% afirmaram que as denúncias serão investigadas. Já 8% não souberam responder à pergunta.
Foram entrevistadas 1.079 pessoas. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Envolvimento
No levantamento, 53% afirmaram ter tomado conhecimento da
troca de acusações entre ACM e
Jader, que se intensificou em sessão do Senado na última quarta.
Do total de entrevistados, 14%
afirmaram estar bem informados
sobre o assunto -28% se julgavam mais ou menos informados e
11%, mal informados. Não tomaram conhecimento do bate-boca
47% do total de pessoas ouvidas.
Para 65% dos paulistanos, ACM
está envolvido nos casos denunciados por Jader. Em relação a Jader, 60% crêem no envolvimento
dele nos casos relatos por ACM.
Essas taxas crescem à medida
que os entrevistados consideram
dominar o assunto. Entre os que
tomaram conhecimento da discussão, 78% acreditam no envolvimento de ACM e 74% vêem
participação de Jader. Já entre os
mais bem informados o percentual é idêntico: 84% consideram
que há envolvimento de ACM ou
de Jader em casos de corrupção.
Na sessão de quarta-feira, Jader,
presidente do PMDB, foi à tribuna do Senado e mostrou recortes
de jornais que citavam a participação do presidente do Congresso em casos de corrupção.
Em alguns dos textos apresentados, ACM é acusado de ter construído sua fortuna com dinheiro
público e chamado de "ladrão".
Além dos recortes, Jader lembrou casos como o "escândalo da
pasta rosa", uma lista de políticos
que teriam recebido doações de
campanha do extinto Banco Econômico. Essa documentação teria
sido descoberta após a intervenção do Banco Central no Econômico, à qual ACM se opôs.
ACM, por sua vez, entregou à
Mesa do Senado pastas com 11
documentos nos quais detalhou
as denúncias contra o rival.
O senador baiano acusou Jader
de desapropriar terrenos inexistentes e superfaturamento em desapropriações de terras, de ter dinheiro do Banco do Pará depositado em suas contas pessoais e de
ter cometido irregularidades enquanto era ministro da Previdência e da Reforma Agrária (governo José Sarney, 1985-90).
O embate entre ACM e Jader havia começado na semana anterior, por causa das discussões sobre o valor do salário mínimo. Jader defende a posição do governo
(mínimo de R$ 151), enquanto
ACM prega um valor equivalente
a US$ 100. Dessa discussão, eles
partiram para acusações mútuas.
Devido ao confronto, os dois senadores já autorizaram a quebra
de seus sigilos para que as denúncias possam ser investigadas.
O plenário do Senado decidirá
nesta terça-feira o que será feito
no caso. ACM e Jader podem ser
alvo de representações na Comissão de Ética -o senador baiano
já responde a um processo por
quebra do decoro parlamentar.
Congresso
Embora lideranças políticas no
Congresso tenham considerado o
bate-boca prejudicial ao Legislativo, a avaliação dos paulistanos sobre o desempenho de senadores e
deputados continua estável, mas
com um resultado negativo.
O desempenho do Congresso é
ruim ou péssimo para 55% dos
entrevistados, enquanto 35% o
consideram regular. Apenas 6%
afirmam que a atuação dos parlamentares é ótima ou boa. Em dezembro, esses percentuais eram,
respectivamente, 54%, 35% e 7%.
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