São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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CONGRESSO
Maioria dos paulistanos acha que denúncias mútuas devem ser levadas à Justiça, indica Datafolha
94% querem apuração sobre ACM e Jader

da Redação

A quase totalidade dos paulistanos considera que as acusações trocadas pelos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA) nas últimas semanas deveriam ser investigadas pela Justiça, mas pouco mais de um terço acredita que isso venha a acontecer.
Em pesquisa Datafolha feita na sexta-feira, 94% dos entrevistados afirmaram que a Justiça deveria apurar as denúncias de corrupção que surgiram em meio a um bate-boca entre os senadores, dois dos maiores caciques políticos da base de apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso. Apenas 2% são contrários.
A maior parte dos paulistanos (57%) não acredita que haverá investigação. Outros 35% afirmaram que as denúncias serão investigadas. Já 8% não souberam responder à pergunta.
Foram entrevistadas 1.079 pessoas. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Envolvimento
No levantamento, 53% afirmaram ter tomado conhecimento da troca de acusações entre ACM e Jader, que se intensificou em sessão do Senado na última quarta.
Do total de entrevistados, 14% afirmaram estar bem informados sobre o assunto -28% se julgavam mais ou menos informados e 11%, mal informados. Não tomaram conhecimento do bate-boca 47% do total de pessoas ouvidas.
Para 65% dos paulistanos, ACM está envolvido nos casos denunciados por Jader. Em relação a Jader, 60% crêem no envolvimento dele nos casos relatos por ACM.
Essas taxas crescem à medida que os entrevistados consideram dominar o assunto. Entre os que tomaram conhecimento da discussão, 78% acreditam no envolvimento de ACM e 74% vêem participação de Jader. Já entre os mais bem informados o percentual é idêntico: 84% consideram que há envolvimento de ACM ou de Jader em casos de corrupção.
Na sessão de quarta-feira, Jader, presidente do PMDB, foi à tribuna do Senado e mostrou recortes de jornais que citavam a participação do presidente do Congresso em casos de corrupção.
Em alguns dos textos apresentados, ACM é acusado de ter construído sua fortuna com dinheiro público e chamado de "ladrão".
Além dos recortes, Jader lembrou casos como o "escândalo da pasta rosa", uma lista de políticos que teriam recebido doações de campanha do extinto Banco Econômico. Essa documentação teria sido descoberta após a intervenção do Banco Central no Econômico, à qual ACM se opôs.
ACM, por sua vez, entregou à Mesa do Senado pastas com 11 documentos nos quais detalhou as denúncias contra o rival.
O senador baiano acusou Jader de desapropriar terrenos inexistentes e superfaturamento em desapropriações de terras, de ter dinheiro do Banco do Pará depositado em suas contas pessoais e de ter cometido irregularidades enquanto era ministro da Previdência e da Reforma Agrária (governo José Sarney, 1985-90).
O embate entre ACM e Jader havia começado na semana anterior, por causa das discussões sobre o valor do salário mínimo. Jader defende a posição do governo (mínimo de R$ 151), enquanto ACM prega um valor equivalente a US$ 100. Dessa discussão, eles partiram para acusações mútuas.
Devido ao confronto, os dois senadores já autorizaram a quebra de seus sigilos para que as denúncias possam ser investigadas.
O plenário do Senado decidirá nesta terça-feira o que será feito no caso. ACM e Jader podem ser alvo de representações na Comissão de Ética -o senador baiano já responde a um processo por quebra do decoro parlamentar.

Congresso
Embora lideranças políticas no Congresso tenham considerado o bate-boca prejudicial ao Legislativo, a avaliação dos paulistanos sobre o desempenho de senadores e deputados continua estável, mas com um resultado negativo.
O desempenho do Congresso é ruim ou péssimo para 55% dos entrevistados, enquanto 35% o consideram regular. Apenas 6% afirmam que a atuação dos parlamentares é ótima ou boa. Em dezembro, esses percentuais eram, respectivamente, 54%, 35% e 7%.


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