São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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PT NO DIVÃ

Ala majoritária se reúne e vai cobrar mais visibilidade a políticas sociais

Partido foca o social e poupa Palocci no Rio

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reunidas hoje e amanhã no Rio de Janeiro, as principais lideranças da ala majoritária do PT vão discutir uma forma de capitalizar melhor as realizações na área social do governo e reverter o processo pelo qual ela é vista como apêndice da política econômica.
Também haverá críticas à articulação política do governo, que, desde a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara, é considerada caótica.
O encontro serve para formar a chapa do chamado Campo Majoritário, tendência moderada que responde por cerca de 60% do PT, na eleição que renovará a direção interna, em setembro. O atual presidente, José Genoino, será aclamado candidato à reeleição.
Haverá também a discussão inicial sobre a tese que o Campo deve apresentar quando inscrever sua chapa, no final de maio. Já há um rascunho para essa tese, formulado a partir de contribuições de "notáveis" do partido, como Genoino, o senador Aloizio Mercadante (SP), o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), e os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil).
O texto, segundo a Folha apurou, expõe a preocupação com o fato de as políticas sociais terem uma pequena fração da projeção de que a área econômica desfruta.
Há uma avaliação de que o governo tem o que mostrar na área social, mas não o faz.
"Temos muitos e muitos programas na área social. Alguns são marcas fortes. Mas não aparecem como deveriam", afirma Genoino. Entre os exemplos que ele cita estão o Bolsa-Família e o Prouni (Universidade para Todos).
Os petistas querem tomar o cuidado de dizer que não há contradição entre a promoção dos programas sociais e o apoio à política econômica.
O ministro da Fazenda estava preocupado com a possibilidade de haver críticas no encontro, mas foi tranqüilizado por Genoino e Dirceu. Sua única derrota foi a retirada de uma menção, ainda que rápida, à redefinição do papel do Banco Central, o que poderia ser interpretado como uma defesa da autonomia da instituição.
Mas, por insistência de Dirceu, haverá uma referência dizendo que a política econômica não se resume a política monetária e rigor fiscal, também incluindo projetos de infra-estrutura, política industrial e geração de empregos.
O PT tem a visão de que os sacrifícios impostos atualmente pela política econômica são transitórios e não devem matar o objetivo de longo prazo de melhorar a distribuição de renda. "O encontro vai discernir bem o que é circunstancial, como a política econômica, do que é doutrinário no PT, a distribuição de renda", diz João Paulo, ligado a Dirceu.
Sobre a articulação política, a crítica será genérica, para que não pareça mais um ataque ao ministro Aldo Rebelo (PC do B).


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