|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPERAÇÃO VAMPIRO
Relatório diz que problema gera desabastecimento e perda de remédio; recomendações serão cumpridas, diz pasta
CGU aponta falta de "eficiência" na Saúde
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A auditoria realizada pela CGU
(Controladoria Geral da União)
sobre o esquema dos "vampiros"
no Ministério da Saúde constatou
que a falta de "eficiência" no planejamento da pasta vem provocando "desabastecimento" e
"perdas" de medicamentos usados no combate à Aids.
Outro ponto divulgado mostra
a dificuldade do poder público
em punir desvios: "mais de 50%"
dos processos administrativos de
1999 a 2004 prescreveram por falta de agilidade na apuração.
Ontem, o ministro Waldir Pires
(CGU) apresentou as conclusões
do relatório ao lado do secretário-executivo da Saúde, Antonio Alves. O conteúdo da auditoria não
foi divulgado, e a assessoria da
Saúde não soube explicar o porquê até a conclusão desta edição.
A auditoria da CGU atribui falhas na compra de medicamentos
contra Aids à Coordenação Nacional da DST/Aids e à Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos, cujo titular, Luiz
Carlos Bueno de Lima, foi exonerado em fevereiro por "quebra de
hierarquia". Concedeu entrevista
alertando para a possibilidade de
falta de anti-retrovirais, mesmo
problema apontado pela CGU.
De fato, faltou AZT no Estado
de São Paulo em fevereiro, o que
levou o governo a importar remédio da Argentina. Na época, o ministério disse que houvera atraso
na entrega de matéria-prima.
A auditoria não apontou irregularidades em compras do atual
ministro Humberto Costa, só nas
gestões dos ex-ministros Barjas
Negri e do atual prefeito de São
Paulo, José Serra. Sobre se Serra
terá de prestar esclarecimentos,
Waldir Pires disse: "Vamos seguir
o procedimento constitucional.
Quando o Ministério Público assumir suas responsabilidades, terá as ações que lhe competem".
A auditoria teve início em 2004,
após a Operação Vampiro, da Polícia Federal, ter prendido 17 pessoas, entre servidores, empresários e fornecedores, por participação em esquema de fraude em
compras da Saúde. O coordenador-geral de Recursos Logísticos,
Luiz Cláudio Gomes da Silva, nomeado por Costa, foi preso.
Os técnicos da CGU analisaram
cerca de R$ 4,4 bi gastos de 1999 a
2004. Encontraram indícios de
superfaturamento e desvios, mas
não apontaram o montante de
prejuízo aos cofres públicos.
O secretário-executivo da Saúde, Antonio Alves, disse que vai
cumprir todas as recomendações
da CGU para evitar prejuízos e
agilizar a apuração de desvios
praticados por servidores. Segundo Alves, algumas das recomendações feitas pela CGU já foram
tomadas pela Saúde, como a reestruturação da área de compras.
O ministério solicitará à PF cópia de inquéritos da operação para embasar os Processos Administrativos Disciplinares.
A assessoria de imprensa da
Saúde disse que a questão dos remédios de combate à Aids teve
início em falhas ocorridas em gestões passadas. Os problemas, no
entanto, já teriam sido resolvidos.
A Folha não conseguiu localizar
o presidente do PSDB, Eduardo
Azeredo, para comentar as supostas irregularidades apontadas na
gestão FHC.
(IURI DANTAS)
Texto Anterior: PT no divã: Partido foca o social e poupa Palocci no Rio Próximo Texto: Terra sem lei: Tato confessa crime e culpa Bida e Taradão Índice
|